CREMERJemRevista-Fev20

CREMERJ em Revista • Fevereiro | 2020 5 para verificar a evolução de cada caso. No tratamen- to tradicional, o curativo é feito com gazes e pomadas e, normalmente, a troca é diária e bastante dolorosa. Com a pele de tilápia, con- forme as lesões vão cicatri- zando, ela vai se soltando. Os pacientes relatam co- ceira neste período final, o que é uma reação típica do processo de cicatrização”, destacou a chefe do CTQ do Souza Aguiar, a cirurgiã plástica Irene Daher. Outro fator positivo é que, com a redução de curativos, há economia de gastos com insumos e até anestesias. Também evita o desperdício, já que a utili- zação da pele do animal di- minui o descarte do couro da tilápia, que atualmente tem apenas 1% de apro- veitamento. O restante é jogado no lixo. E o mais ani- mador é que a pesquisa já apresenta resultados satis- fatórios. Até o momento, o Souza Aguiar atendeu três pessoas dentro do perfil estipulado, sendo duas pa- cientes em dezembro de 2019 e outro em janeiro deste ano. “Nos três casos, em dez dias, as feridas já tinham cicatrizado. Nossa expe- riência clínica foi ótima, porque percebemos que realmente foi mais rápido. Os pacientes não se queixa- vam de dor. Com o curativo tradicional, demoraria pelo menos 21 dias, isso se não ocorresse nenhum tipo de infecção, o que infelizmen- te é comum em pacien- tes queimados”, afirmou Irene Daher. Nathália Dobal também percebeu que, com o uso da pele de tilápia, a cicatri- zação foi mais acelerada. “Trabalho como médica tratando queimados há 15 anos. A cicatrização é mui- to importante na plástica, porque, quanto mais rápi- da ela for, melhor será a ci- catriz. E isso pode diminuir complicações futuras. Pela minha experiência, tenho notado que, com a pele de tilápia, tem sido mui- to mais rápido. O uso dela vem ajudando muito na ci- catrização e a qualidade da cicatriz tem sido melhor”, acrescentou. Apesar de toda expec- tativa, ainda não há data estimada para o término do estudo. “A pesquisa na- cional está em fase final e nossa expectativa é de que em breve a pele de tilápia comece a ser comercializa- da. Vale lembrar que nin- guém recebe nada mais por praticar a pesquisa. Nosso interesse mesmo é tentar aliviar a dor do paciente. A pele de tilápia vem sendo fantástica. Há outros estu- dos que mostram resulta- dos incríveis em outros tra- tamentos, como de úlceras e reconstrução de vagina”, compartilhou Nathália. De acordo com informa- ções da Secretaria Munici- pal de Saúde (SMS) do Rio de Janeiro, no ano passado, o novo método foi apre- sentado ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Ainda segundo a SMS, o Ministé- rio da Saúde informou que, após receber a licença de- finitiva da Agência Nacio- nal de Vigilância Sanitária (Anvisa), a pele de tilápia poderá ser utilizada para o tratamento de queimadu- ras em todo o Sistema Úni- co de Saúde (SUS). A seguir, mundo em alerta contra coronavírus

RkJQdWJsaXNoZXIy NDE1MzA5