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CREMERJ em Revista • Fevereiro | 2020 11 A seguir, médico também se dedica à música o serviço de cirurgia expe- rimental do hospital, que funcionava no subsolo. Na época, era possível operar animais para fazer experiên- cias. De lá, saíram trabalhos pioneiros como a sutura in- testinal em plano único, que meu colega Flávio Rothfu- chs e eu desenvolvemos. CR - Como o Instituto Es- tadual de Diabetes e Endo- crinologia (Iede) surgiu na sua vida? PN - Antes de sair do HFL, fui convidado para chefiar a cirurgia do Iede, que fica no mesmo lugar que o Mon- corvo Filho, ou seja, acabei voltando para aquela região (risos). No Iede não havia serviço de cirurgia, logo, eu o criei e consegui mui- tos discípulos. Fui nomeado pelo professor Jaime Rodri- gues e tive a oportunidade de trabalhar com colegas de alto nível: José Scherman, Francisco Arduino e Luiz Cé- sar Póvoa. CR - Também foi reitor na Unirio, certo? PN - Sim. Já trabalhava lá e decidi me candidatar. Ga- nhei a primeira eleição, po- rém, por um problema polí- tico, não fui nomeado. Pela segunda vez, me candidatei, recebi mais de 50 votos, mas também sem suces- so. Na terceira ocasião, fui pessoalmente ao ministro e disse que se eu fosse eleito e não pudesse assumir, não me candidataria novamen- te. Ele me respondeu: “você já deveria ter sido nomeado faz tempo! Se você ganhar a votação novamente, eu o nomeio”. De cinco candi- datos, eu ganhei. Assumi a reitoria da Unirio de 2000 a 2004. CR - Eoque consideramais importante na sua vida? PN - Minha entrada para a ANM. Tomei posse em 1982 e tive o prazer de ser presidente três vezes. CR - E como foi comandar uma entidade desse porte? PN - Foi a experiência que me deu mais honra até hoje. Para administrar a academia, é preciso muita dedicação e responsabilidade. Em 2020, a ANM completa 191 anos. CR - Que projetos imple- mentou na ANM? PN - Anexo à academia, havia um estacionamento que nos foi doado pelo go- verno com a finalidade de construir um prédio para ser o centro da memória médica. O tempo passou, todos os presidentes tenta- ram, mas não conseguiram. Durante meu segundo man- dato, o governo decidiu ti- rar o terreno. Resolvi correr atrás e conseguimos mantê- -lo. Iniciamos a construção e tive a honra de inaugurar o prédio. Também introduzi os estudantes à nossa pro- gramação. Criei o projeto “Uma Tarde na Academia”, no qual acadêmicos de Me- dicina de qualquer período podem participar. Eles são apresentados a casos clíni- cos, participam do nosso Chá Acadêmico e das dis- cussões e, ao final, ganham um certificado. CR - Temmais algummo- mento da vida que conside- re emocionante? PN - Meu chefe Jaime Rodrigues me apresentou ao endocrinologista ameri- cano Andrew Victor Schally. Ele veio apresentar um con- gresso no Brasil e, como sempre, fiz questão de me atualizar. Depois, ele passou a dar conferências no Iede, onde eu era chefe. Come- cei a participar das pesqui- sas dele e acabamos nos tornando amigos. Um dia, ele ganhou o maior prêmio de Medicina dos Estados Unidos e, após dois anos, o prêmio Nobel, no qual é permitido chamar só cinco convidados. E ele chamou o professor Luiz César Póvoa e eu! E claro, fomos para a Suécia. Foi uma das cerimô- nias mais lindas que já vi, fi- quei impactado.

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