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CREMERJ em Revista • Janeiro | 2020 5 nômico são dignas de nota, indicando a necessidade de intensificar ações para pre- venir e tratar a anemia en- tre os idosos desfavorecidos socialmente”, acrescentou a pesquisadora. O estudo também verifi- cou a incidência de diabetes nos participantes. Foi regis- trada a diabetes mellitus em 6,6% dos adultos e 6,8% estavam pré-diabéticos. Isto significa dizer que até um décimo da população bra- sileira tem diabetes, e que pré-diabetes pode chegar até a um sexto do total de brasileiros. A prevalência foi mais elevada entre mulhe- res, aumentou com a idade e foi maior em populações de baixa escolaridade, com sobrepeso, obesidade (17%) e no Centro-Oeste do país. Os pesquisadores cons- tataram, ainda, que é alto o uso de medicamentos para hipertensão arterial e dia- betes na população brasilei- ra. O uso de remédios para controle da hipertensão ar- terial foi feito por 81,4% dos hipertensos, sendo maior entre as mulheres, a popu- lação branca e pessoas que têm plano de saúde. O es- tudo mostrou que a utiliza- ção do medicamento cresce com a idade e é menor na Região Norte. No caso de diabetes mellitus , o uso foi de 80,2% para os diabéti- cos, sendo superior entre a Região Sudeste, os idosos, os pacientes com maior es- colaridade e aqueles com plano de saúde. Paradoxos na alimentação A análise no perfil de ali- mentação dos brasileiros mostrou que o hábito alimen- tar é melhor entre brancos, pessoas com maior renda e maior grau de escolaridade. Eles consomem com mais frequência frutas, legumes e vegetais. No entanto, os seg- mentos de melhor condição social foram os que apresen- taram maiores prevalências quanto ao consumo de ali- mentos doces e substituição de refeições por sanduíches, salgados ou pizzas. Aplicação De acordo Célia Land- mann, os números vão permitir ainda que se es- tabeleçam parâmetros he- matológicos de referência nacional. A pesquisadora aponta que os dados permi- tirão o conhecimento de ca- racterísticas e condições de saúde da população brasi- leira, o que pode aprimorar a vigilância e o acompanha- mento das doenças crônicas não transmissíveis no país. “Hoje, se você faz um exame de sangue num la- boratório, o resultado vem acompanhado de uma sé- rie de parâmetros que são internacionais, ou seja, não representam o que seriam valores de referência ade- quados à nossa realidade. A análise com os resultados dos exames de sangue e urina da PNS oferece, pela primeira vez, uma amostra representativa do país. E o conhecimento dos parâme- tros hematológicos de refe- rência é fundamental para a avaliação do estado de saú- de e do padrão de adoeci- mento da população.” Pesquisa A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), o mais amplo inquérito em saúde no Bra- sil, também contou com a colaboração de várias ins- tituições de ensino e pes- quisa. O Instituto de Comu- nicação e Informação em Saúde (Icict), da Fiocruz, foi responsável pela coor- denação técnica. A PNS vi- sitou 69.954 domicílios e entrevistou 60.202 adultos. Uma subamostra foi defi- nida para a realização de exames laboratoriais: fo- ram coletadas amostras de sangue e de urina de 8.952 pessoas.

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