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CREMERJ em Revista • Dezembro | 2019 15 seguiram seus passos na Medicina dois netos e três bisnetas. “Acredito que toda a mi- nha paixão pelo cuidar, veio da minha bisa Odília. For- mar-se em Medicina sendo mulher negra há tanto tem- po não deve ter sido fácil. Muita luta, muita força e muito amor”, detalhou a bisneta Paula Lavigne, estu- dante de Medicina. Odília se casou com Eusí- nio Gaston Lavigne, descen- dente de franceses. A língua estrangeira não era problema para ela, pois falava fluente- mente francês e lia em grego e em latim. Seu marido foi umadvogado que foi prefeito de Ilhéus, importante cida- de baiana. Tempo depois de casada, decidiu abandonar a carreira para se dedicar à família. Na década de 1920, eram raras as mulheres inde- pendentes, do ponto de vista profissional. Principalmente, no interior do país, e a Bahia não era exceção. Segundo José Leo, seu pai não queria que ela deixasse a profissão. Mas, além, da vontade de ser médica, o sentido de mãe e esposa de seu marido falou mais alto, e ela abandonou a profissão. Em 1964, por suas ideias contrárias ao regime vigen- te à época, seu marido, que era político, foi preso. Ao vê- -lo, daquela forma, um ho- mem já idoso, atrás das gra- des sem justificativa, a fez adoecer gravemente. E esta situação a consumiu, de tal forma, que tempos depois, veio a falecer. E a seu pedi- do, foi enterrada em cova simples, no chão, como fo- ram os seus antepassados, que eram escravos. Douto- ra Maria Odília Teixeira, a primeira médica negra do Brasil, marcou seu nome na história da Medicina.

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