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CREMERJ em Revista • Novembro | 2019 13 ginecologista da História tância de oferecer proteção perineal eficaz e fez descri- ções avançadas de episioto- mias. Apesar de a anestesia só ser aplicada para este procedimento no século XIX, ela testou chás e medi- camentos que amenizavam a dor. Trota foi mais longe e também realizou algumas cesarianas. Já naquela época ela orientava que as mulheres deviam praticar exercícios físicos regularmente, fazer massagens com óleos aro- máticos para evitar o estres- se e ter uma alimentação balanceada. Dizia que os cuidados com a higiene pes- soal preveniam problemas ginecológicos e defendia o uso de analgésicos naturais, como vinho e vinagre, para diminuir a dor e as compli- cações do parto. Ela ainda dava dicas de como manter os dentes saudáveis e cuidar da beleza de lábios e cabe- los. Em seus tratados pedi- átricos, ele deu regras para bebês e para o cuidado da criança nos primeiros meses de vida. Durante suas pes- quisas, Trota percebeu que a infertilidade podia ser um problema masculino, e não exclusivamente da mulher. Na época, a infertilidade era atribuída somente ao sexo feminino, nunca ao homem. Era, de fato, uma médica muito à frente de seu tempo. Em 1544, o médico e hu- manista alemão Georg Kraut reuniu e organizou os dois primeiros tratados de Trotu- la e publicou sua obra sob o título “De Passionibus Mu- lierum Curandorum Ante, In, Post Partum” . Este mate- rial foi traduzido para o por- tuguês com o título “Sobre as Doenças das Mulheres” e lançado em 2018 pelo Pro- grama de Pós-graduação em Estudos de Tradução (PGET) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pela Copiart. Inclusive, este livro é uma boa oportunidade para quem deseja conhecer melhor as lições de Trota e constatar o quanto ela mar- cou a História da Medicina no mundo. A seguir, entrevista com o endocrinologista Fábio Morínigo

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