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16 CREMERJ em Revista • Novembro | 2019 tir a vida! (Risos) CR - E o que tem a dizer sobre a forma como é feita a assistência médica? FM - Eu tenho um pen- samento um pouco di- ferente da organização médica. Não acho que o paciente deve procurar o médico que ele quiser. Ele precisa ter o médico dele, que irá atendê-lo em to- dos os aspectos e buscar orientações de um espe- cialista naquilo que for necessário. CR - Então, acredita na medicina preventiva? FM - Sim! Acho que o atendimento ideal é sempre começar pela Medicina de família e depois seguir para um atendimento de maior complexidade. No HFSE, na década de 1980, iniciamos o progra- ma de médico de famí- lia. Atendíamos às comu- nidades no entorno do hospital. Eram quase 500 famílias cadastradas e as- sistidas pelo grupo da Me- dicina de família. E ainda recebiam assistência mé- dica e de saúde em casa. Depois, o Governo fechou o programa, pois via como uma missão de responsa- bilidade do município, e não de uma unidade fede- ral. CR - Chegou a trabalhar com Medicina de família em outro lugar? FM - Eu já trabalhei no interior. Era um progra- ma de assistência rural na minha cidade, Corum- bá (MS). CR - Como surgiu essa oportunidade? FM - O prefeito de lá me pediu para montar um pro- grama de assistência rural. Minha mulher trabalhava com projetos, então ela- boramos um plano juntos. Quando apresentei a ele fi- quei responsável por execu- tá-lo. CR - E como funcionava? FM - Bem, isso foi na dé- cada de 1960, então, che- gávamos de avião teco-te- co. Ele pousava na fazenda e nós íamos até uma sala onde as pessoas já esta- vam esperando o médico chegar. Fazíamos vacina- ção e consultas. Quando a situação era mais com- plexa, orientávamos o pa- ciente para ir até a cidade buscar atendimento espe- cializado. Infelizmente, o prefeito mudou e o projeto só durou alguns meses. CR - E o que mais gosta de escrever? FM - Eu sou religioso, en- tão, já fiz muitos textos nes- ta área. Inclusive, nos tem- pos de estudante, quando eu era integrante da Juven- tude Universitária Católica (JUC). A verdade é que todos os médicos deveriam escrever ou relatar, mas acho que al- guns não gostam de críticas. As adversidades fazem par- te da vida, ora. CR - E como imagina a Medicina no futuro? FM - Como dizia Einstein: ‘a tecnologia está sempre à frente, a humanização vem depois’. Ou seja, não há como não permitirmos a evolução tecnológica. A questão é como vamos ajustar a tecnologia à con- dição humana. O homem precisará aprender como desfrutar dos benefícios dela e acrescentar a huma- nização que ela não tem. CR - Então, é a integração do homem e da tecnologia andando juntos em harmo- nia? FM - Nunca haverá har- monia. Ela sempre estará à frente de nós.

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