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CREMERJ em Revista • Outubro | 2019 25 como, nos níveis de remu- neração que existem hoje, um médico fazer o parto de acordo com o melhor para a paciente. É um viés muito grande da má remuneração versus comodidade, que faz com que 90% dos partos na rede suplementar sejam ce- sáreas. A única maneira de se corrigir isso, no meu pon- to de vista, é a instituciona- lização do atendimento obs- tétrico. O paciente vai ser do hospital e não do médico. É desse jeito que acontece no público. CR – E quanto aos partos humanizados? JR – Considero esse ter- mo inapropriado. Somos humanos, a assistência é feita por pessoas, então já é uma assistência humani- zada. Acho que esse termo ficou carregado de uma conotação que, para os de- fensores, é muito boa, mas, para outros, muito ruim. Acho que em todas as áreas da Medicina, os avanços fo- ram bem vindos. Para os de- fensores da não intervenção do parto, aceitar o mau re- sultado, a meu ver, é impen- sável! Existia um exagero pela intervenção na década passada, agora está haven- do um movimento grande pela não intervenção. Isso deve chegar a um ponto de equilíbrio. O que não pode é abrir mão dos avanços e voltar à idade da pedra. CR – Fale um pouco so- bre as suas atividades na ANM. JR – Sempre temos tare- fas. Eu, por exemplo, cuido das ligas de ginecologia e obstetrícia. É uma atividade muito importante para os alunos. Quando eles deci- dem fazer alguma especiali- dade, geralmente, filiam-se às ligas. Que são órgãos ofi- ciais das próprias faculda- des que propiciam cursos e treinamentos naquela espe- cialidade. Abrimos as portas para os ligantes. CR – E quanto a sua ex- periência no exterior? JR – Por ter um pai mais velho, eu queria aproveitá- -lo na prática ainda na Me- dicina, estar perto dele. En- tão, eu nunca saí por muito tempo do Brasil. Sempre fiz saídas pontuais: um mês, dois meses, três meses, mas nunca passei anos fora. Não queria perder o vínculo com ele aqui no Rio de Janeiro. CR – Como você enxerga a Medicina no futuro? JR – É uma pergunta di- fícil. Acho que inevitavel- mente os avanços tecnoló- gicos estão aí para serem incorporados. A teleme- dicina, por exemplo, hoje soa estranho, mas daqui a pouco fará parte da as- sistência. Mas, no meu entendimento, não vai substituir o médico. Acho que serão instrumentos para as novas gerações se adaptarem. Acho que um colega mais velho não vai se acostumar com aplicati- vo que facilita a vida dele. Já um jovem que está se graduando agora vai ter que usar aplicativos que vão ajudar na tomada de decisão. Se essa tecnolo- gia hoje faz parte do nos- so dia a dia, por que não fará parte da nossa profis- são também? CR – E fora da Medicina, o que costuma te dar satis- fação? JR – O Jorge, sem ser mé- dico, também se interessa muito por esporte. Corro 40km por semana e nado no mar. Sou muito atleta! (Risos)

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