CREMERJemRevista-Set19

CREMERJ em Revista • Setembro | 2019 23 CR - A questão do huma- nismo é muito forte para você. Com a tecnologia cada vez mais avançada, existe alguma discussão na ANM sobre até onde ela pode entrar no espaço do médico? JG - A ANM discute pro- fundamente isso, o nosso comportamento frente aos grandes avanços e os limites do uso. Por exemplo, cirur- gião que é capaz de disse- car uma artéria, uma veia, tirando a neoplasia com muito cuidado, leva horas e horas e, às vezes, lesa o vaso. Um robô diminui este risco. Ele aperfeiçoa o co- nhecimento, a destreza, a atitude e a capacidade do cirurgião. Mas quem deve programar o robô é o mé- dico. É importante também tomar cuidado para não se perder as etapas da cirurgia para não nos tornarmos de- pendentes do robô. Eu sei fazer a cirurgia convencio- nal, a cirurgia laparoscópica e a cirurgia robótica. CR - Como você enxerga a medicina no futuro? JG - Em uma biópsia de uma colonoscopia tiramos um tecido para fazer um laudo. Em média, no Brasil, uma clínica particular leva dez dias para o laudo, nas públicas, às vezes, 30 dias. No Japão, estão desenvol- vendo um colonoscópio que na ponta dele tem um microscópio tão potente que já identifica a célula e o câncer na hora do exame. Isso é a tecno- logia a favor da medi- cina em todos os senti- dos. Faz um diagnóstico mais rápido, o indivíduo sai sabendo o que tem, o preparo para a cirur- gia é mais rápido, e há pos- sibilidade de operá-lo no dia seguinte. É assim que eu imagino a medicina do futu- ro, com a tecnologia a nosso favor e para todos. Acredito também na mutação ge- nética. Poderemos trans- formar uma célula maligna para uma célula boa. CR - Você se considera vaidoso? JG - Em termos de paixão pela medicina, sim. E sou um apaixonado pelo ensi- no também. Mas não como professor, como aluno. Quando vou à ANM eu as- sisto todas as sessões com uma atenção de respeito, admiração, sublimação. São apresentações que me dei- xam de boca aberta. Acho que as faculdades deveriam estimular mais os alunos a irem à ANM, pois é um aprendizado único. Quando entrei na ANM, foi com eleição. Nas vezes em que fui secretário geral ou vice-presidente foram todas com eleição. Então, eu tenho um viés político sim. Mas não me abala se eu não tiver essas coisas, eu não vivo em função disso, faço porque gosto.

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