CREMERJemRevista-Set19
CREMERJ em Revista • Setembro | 2019 21 pital e fundei a Associação de Médicos Residentes do HUCFF, eu era o presidente. Naquela época percebi que já existia a paixão pelo ensi- no. CR - Você dá aulas de quê? JG - Sou professor univer- sitário da PUC e da Souza Marques. Dou aula de clí- nica médica. Não me tornei professor de gastro. Embora goste muito da graduação, o que dirige a minha vida de verdade é o ensino médico continuado. CR - Você também coor- dena cursos de tratamen- tos terapêuticos. O que lhe motivou? JG - Acho que o médico é um grande terapeuta como pessoa. Se tratamos bem o doente e acolhemos bem sua família, a doença já fica menos sofrida e as soluções ficam mais fáceis. CR - Na sua carreira de professor você desenvolveu um forte vínculo com a San- ta Casa, certo? JG - No meu entender é o local ideal de ensino, pois reúne grandes médicos e atende aos pobres, mos- trando que a medicina tem que ser igual para todos. Mais do que isso, dar a pos- sibilidade aos alunos de co- nhecerem o real sofrimento humano. Humanizando e fazendo com que eles parti- cipem de situações de vida que são muito difíceis de serem vencidas. De verem como é difícil conseguir um exame, uma consulta, um remédio... Desta maneira, ele passa a lutar para que as pessoas consigam ir além das aulas bonitas. Mas te- rem atitudes boas para con- tribuírem para a saúde da população do Rio, que está tão abandonada. CR - O que você percebe de diferente na formação dos mais jovens, hoje? JG - Hoje em dia, não ve- mos os mais jovens apaixo- nados pelo ensino público e pela atividade assisten- cial pública. Todos querem trabalhar em hospitais de luxo e ganharem bem. Falta a eles conhecer uma coisa fundamental, que é convi- ver com o paciente que so- fre e ajudá-lo. Isto é melhor do que qualquer bem ma- terial. Conseguir ajudar ao próximo é um dom de Deus. CR - Como funcionava a formação médica de lá? JG - Tinha um ótimo nú- mero de médicos. Dividía- mos ambulatórios, enfer- maria, e outro setores. Além de um número imensurável de alunos. Na minha enfer- maria tinha 40 leitos e seis salas de ambulatório. Rece- bíamos alunos da Gama Fi- lho e da Souza Marques. CR - Por quanto tempo você coordenou a residên- cia médica da Santa Casa? JG - Eu coordenei a resi- dência de lá durante toda a sua existência. Desde 1982 até 2014. CR - Tem planos de voltar à Santa Casa? JG - Eu voltei como es- crivão da irmandade, junto com outros grandes cole- gas. Estamos montando um time, só de craques, para
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