CREMERJemRevista-Set19

22 CREMERJ em Revista • Setembro | 2019 atender a população mais carente do Rio, focados na Santa Casa. Estamos come- çando agora, fomos eleitos no começo de julho. Venho dedicando algumas horas do meu dia a isso e faço am- bulatório com os pós-gradu- andos. Tento mostrar não só a medicina, mas o que envolve ser um médico. CR - E o que envolve ser médico? JG - É importante ser um médico acolhedor, que te respeite como gente, que reconheça seu sofrimento, que não atenda só pelo sa- lário, mas pelo amor à pro- fissão. Acho que se não for assim a vida perde a graça, você se torna meramente um ganhador de dinheiro. Poder ajudar o próximo, se- guramente, é o que faz um médico feliz. CR - A Santa Casa está funcionando, o que exata- mente esse grupo pretende fazer? JG - Estamos investin- do muito em ambulatórios mais modernos, que faci- litem o atendimento. Com consultas tanto gratuitas quanto mais baratas. E exa- mes também, que vieram para somar. Por isso, esta- mos reunindo esse time tão bom. CR - E quanto as suas participações associativas? JG - Eu tenho uma rica história com as socieda- des médicas, pois acredito muito no trabalho coletivo. Desde jovem participo da sociedade de gastroentero- logia do Rio. Fui da regional do Rio primeiro e depois da brasileira. Fiz o caminho certinho: primeiro secre- tário, segundo secretário... Até chegar a presidente. Isso tudo dá experiência para lidar com o todo. CR - Qual a importância das associações médicas? JG - Gosto do mundo as- sociativo porque procuro aprender sempre. As socie- dades são as grandes men- toras da educação continua- da, por meio de congressos, eventos regionais e outros. Sou um defensor nato! Mas, infelizmente, falta gente para trabalhar nelas. CR - Quais são as suas atividades dentro da Aca- demia Nacional de Medici- na? JG - A maior obrigação para mim é frequentar as sessões que, desde 1829, são as quintas feiras. Passa- mos cerca de seis horas se- manais lá dentro. Acabamos nos tornando muito próxi- mos, como uma família. CR - Sobre aquela ques- tão da falta de envolvimen- to dos médicos jovens, o seu interesse em dar aulas também está relacionado ao desejo de mostrar o ver- dadeiro significado da me- dicina? JG - Bom, quem mais aprende na aula é quem dá a aula, pois é preciso prepa- rá-la, pesquisar casos clíni- cos, se expor à discussão e às perguntas. Mas também tem o outro lado, que é ver a garotada crescer, ensiná- -los a se referir a um pacien- te, a dar uma notícia boa ou má a um familiar. Ensiná-los a conversar sobre exames difíceis de serem realiza- dos. Vejo que quanto mais eu passo isso aos alunos, mais eu aprendo também. Os bons alunos tem uma energia fantástica. Quan- do começamos a falar eles parecem que estão nas nu- vens. Mesmo fazendo isso há tantos anos, as relações humanas são diferentes, cada uma é única.

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