CREMERJemRevista-Jul19

22 CREMERJ em Revista • Julho | 2019 com nós, médicos! (Risos) CR - Como você vê a neu- rocirurgia no futuro? PN - Acho que não será mais como fazemos hoje. As cirurgias, de uma maneira geral, irão acabar. Não tem sentido abrir uma cabeça ou um abdômen. Imagino tudo sendo resolvido pela gené- tica, pela imunoterapia... Quando as pessoas nasce- rem será feito um estudo genético e, com um celular, você tira uma foto que, via satélite, você será identifica- do e verão se há genes que favorecem ter um tumor, por exemplo. Então, você faz um tratamento genéti- co e injeta um vírus que eli- mina aquele risco. Ou seja, um tratamento preventivo. Acho que nossos costumes atuais irão para os museus e todos no futuro verão que, “antigamente”, era comum abrir o corpo das pessoas (risos). CR - Qual foi a sensação da sua primeira cirurgia? PN - Foi uma das maiores emoções da minha vida. Po- der resolver o problema de um doente me trouxe uma sensação de força. Quase não dormi de tanta emoção! CR - Você sentiu algu- ma comparação com o seu pai? Chegou a trabalhar com ele? PN - Sem dúvidas tive- ram comparações. Mas, trabalhei com ele por pou- co tempo. Depois de três anos achei que devia seguir o meu caminho sozinho. Encontrava com ele para discutir casos, mas só. E ló- gico, algumas vezes pegava alguns pacientes dele para mim, mas ele deixava (ri- sos). CR - Quanto ao Instituto Estadual do Cérebro, como surgiu esse projeto na sua vida? PN - Naquela época, eu chefiava o serviço de neuro- cirurgia da Santa Casa, que fechou. Foi aí que surgiu o convite para o instituto. Aceitei de imediato, pois ti- nha saído do serviço público e estava muito acostumado a trabalhar com o setor. O grupo que tinha saído da Santa Casa acabou sendo o primeiro a entrar no institu- to e, aos poucos, foram en- trando colegas de todos os grupos do Rio de Janeiro. CR - Por que você acha que vem dando certo? PN – Apesar das parce- rias público/privada não terem uma unanimidade, ele é ummodelo alternativo em relação ao resto. Exis- te um comprometimento da equipe que vai além do emprego. Eles fazem parte daquilo. Desde o início, o trabalho é muito bem fei- to e nossa produtividade é enorme. Temos metas que são controladas e auditadas todo mês. Também temos ensino, pesquisa, mestrado, doutorado... Tudo feito pelo nosso centro de estudos que recebe doações. Enfim, é um serviço que funciona e isso o torna um exemplo. Além de ser o único hospi- tal dedicado ao cérebro no Brasil. Acho que deveria ser copiado. CR - Qual a capacidade dele? PN - Temos 44 leitos e re- alizamos 1.200 cirurgias por ano. Somente eletivas. Este ano vamos inaugurar um prédio anexo e, com isso, vamos passar para cem lei- tos. A expectativa é grande! CR - Depois de tantas realizações, qual é o seu grande sonho atualmente? PN - Ver o anexo pronto! Este, eu ainda não realizei. Tiveram alguns problemas e o prédio ficou parado por dois anos. Agora o governo do estado retomou o proje- to e acredito que saia este ano. Estou gastando minhas energias e expectativas nele!

RkJQdWJsaXNoZXIy NDE1MzA5