Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023

73 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.61-79, jul-set 2023 Cintilografia de Perfusão Miocárdica: aplicações e avanços recentes Claudio Tinoco Mesquita et al. pelo médico nuclear, como por exemplo a segmentação do ventrículo esquerdo, obtenção de parâmetros quantitativos, gerar mapas polares, realizar correções na segmentação e analisar o exame para emitir um laudo final. (16) Uma dificuldade para a implementação emmassa dessas fer- ramentas é a necessidade de intervenção humana em diversos passos para garantir que o trabalho está sendo executado cor- retamente. (47) Azadani et al. (30) avaliaram o impacto da revascularização precoce em relação a eventos cardiovasculares adversos maiores (ECAM) com o uso de uma técnica total- mente automatizada para quantificação da isquemia. Essa abordagem apresenta a vantagem de poder ser uniformemente aplicada, com boa reprodutibilidade, em estudos multicêntricos, visto que não de- pende da experiência das equipes de cada serviço. Este estudo multicêntrico com 19.088 participantes concluiu que a condu- ta de revascularização em pacientes com isquemia miocárdica quantificada acima de 10% tinha uma redução de eventos car- díacos adversos maiores, diferentemente do que foi proposto pelo estudo ISCHEMIA (International Study of Comparative Health Effectiveness With Medical and Invasive Approaches). (31) Já o estudo de Otaki et al., sobre a mesma base de dados, comparou a capacidade de predição de ECAM com métodos totalmente automatizados em re- lação à avaliação visual, não relatando diferenças significativas. (48) Ao verificar tais resultados, nota-se que as técnicas automatizadas têm o potencial de unifor- mizar e melhorar a qualidade das análises, entretanto os resultados são dependentes das técnicas empregadas e do referencial de comparação estabelecido. Hu et al. utilizaram aprendizado de máquina ( machine learning ) para tomar a decisão de cancelamento da aquisição imagens SPECT em repouso, tendo um prognóstico melhor quando comparado à mesma decisão tomada por médicos ao avaliarem as imagens e seguirem proto- colos clínicos. (49) Nota-se que os recentes avanços em medicina nuclear apontam para a auto- matização de tarefas, redução de tempo com atividades transacionais, ganho de eficiência, melhor poder preditivo e melhor avaliação de risco e prognóstico. Como essas abordagens se baseiam no uso de ferramentas computacionais e estatísticas, é fundamental que se disponha de bases de dados disponíveis, confiáveis e organizadas para desenvolvimento dos modelos. USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Uma das mais excitantes áreas de de- senvolvimento da cintilografia miocárdica é a integração das ferramentas de inteli- gência artificial. O primeiro registro do termo Inteligência Artificial (IA) ocorreu em uma conferência em 1956 denominada “Dartmouth Summer Research Project on

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