Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023
43 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.38-60, jul-set 2023 Vacinação no idoso Ronaldo Rozenbaum A associação da Síndrome de Guil- lain-Barré (SGB) com a vacina contra a gripe permanece controversa. Raramente, a aplicação de vacinas contra a gripe pode anteceder o início da SGB; geralmente, os sintomas associados a SGB aparecem entre 1 e 21 dias e no máximo até 6 sema- nas após administração da vacina. Para fins de vigilância epidemiológica a ocor- rência coincidente com outras doenças neurológicas de natureza inflamatória ou desmielinizante, como encefalite aguda disseminada (ADEM), neurite óptica e mielite transversa, no período entre 1 dia e 6 semanas após a aplicação da vacina, deve ser notificada e investigada. Para indivíduos com risco de compli- cações da gripe, o benefício da vacinação contra a gripe supera o baixo risco de SGB causado pela vacina. Ademais, como a gripe pode estar associada à SGB, presume-se que a sua prevenção pela vacinação contri- bua para ummenor risco de SGB associada a infecção natural pelo vírus influenza. Para indivíduos com história prévia de SGB que correm risco de complicações por influenza, alguns autores favorecem o uso da vacina; outros sugerem vacinar a partir de 12 meses após o início da SGB. Para aquelas pessoas comhistória prévia de SGB que não correm risco de complicações da gripe, é razoável abdicar da vacinação contra a gripe. (21) As vacinas inativadas ou recombinan- tes contra influenza podem ser aplicadas simultaneamente ou em qualquer intervalo com outras vacinas utilizando locais dife- rentes para a administração. Em estudo retrospectivo brasileiro foi sugerido que o uso da vacina tetravalente contra influenza poderia ser altamente benéfico, levando-se em consideração a cocirculação das duas linhagens do vírus influenza B. (17) Adicionalmente, o processo de produção baseado em ovo pode levar a mutações adaptativas do vírus influenza devido à seleção em células aviárias, so- bretudo no vírus influenza A/H3N2. Um estudo retrospectivo evidenciou que, em 55% das temporadas nos EUA entre 2002 e 2018, antígenos da influenza A/H3N2 em vacinas baseadas em ovo apresentaram menos de 25%de similaridade com os vírus circulantes. No mesmo período, tal reduzi- da similaridade antigênica foi encontrada em apenas 4% das temporadas com vaci- nas produzidas em células de mamíferos, sugerindo um benefício potencial do uso da vacina baseada em célula. (18) Preocupa- ções com a adaptação do antígeno e outras questões de fabricação da vacina baseada em ovo, como limitações do aumento da produção da vacina devido ao estoque de ovos férteis, contaminação imprevisível de ovos com vírus aviários e limitação do crescimento de algumas cepas, levaram ao desenvolvimento das vacinas baseadas em célula, que mostraram ter imunogenicidade e reatogenicidade satisfatórias, ao mesmo tempo mantendo uma produção flexível. (18) Nos idosos, estudos têm demonstrado que as vacinas inativadas contra a gripe,
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