Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023

31 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.18-37, jul-set 2023 Acalasia: diagnóstico e terapêutica Gerson Domingues e Ana Tarasiuk pode ser adaptado aos achados do compri- mento do segmento espástico observado na manometria esofágica de alta resolução. (22) Uma revisão sistemática e metanálise de 2017 observou que para 116 pacientes estudados com acalasia tipo III, a taxa ponderada do conjunto para sucesso clí- nico da MEPO foi de 92%. Um estudo de 2017 relatou os resultados de 32 pacientes com acalasia tipo III submetidos à MEPO em um único centro. Após um acompa- nhamento médio de 27 meses, 90,6% dos pacientes alcançaram alívio dos sintomas, com média de ES pré-tratamento de 7,2 e pós-tratamento de 1,4 ( P  <0,001). (28) Em contrapartida, houve maior incidên- cia de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) na MEPO. (36) ADRGE é o principal evento adverso da MEPO, também presente na miotomia a Heller, sendo um assunto conflitante, com prevalência de 20% a 57% em alguns estudos. As comorbidades emque se tem consenso de serem contraindicação ao procedimento seriam: doença pulmonar grave; coagulopatia significativa; ablação, mucosectomia ou dissecção de submucosa no esôfago, e radiação torácica prévia. As principais complicações do procedi- mento foram enfisema subcutâneo (7,5%), pneumoperitônio (6,8%) e sintomas de re- fluxo gastroesofágico (8,5%) e sangramento (0,2%). (27) A MEPO tem sido interpretada como uma mudança de paradigma no tra- tamento da acalasia, sendo essencialmen- te um procedimento endoscópico com a conveniência de ser menos invasivo, e se mostrando ser igualmente eficaz à miotomia cirúrgica já testada por tantos anos. O primeiro estudo a analisar o valor pre- ditivo dos subtipos de acalasia à resposta clí- nica foi o conduzido por Pandolfino e col. (18) Foram avaliados, retrospectivamente, 1.000 manometrias esofágicas de alta resolução. Destas, 83 tiveram o diagnóstico de aca- lasia. A distribuição entre os subtipos e a resposta clínica foi a que se segue: 7/16 (44%) subtipo I; 38/46 (83%) subtipo II e 2/21 (9%) subtipo III. Diversos tratamentos foram avaliados, como injeção de toxina botulínica (ITB), dilatação pneumática da cárdia (DPC) e miotomia laparosópica a Heller (MLH). Os autores concluíram, então, serem os subtipos de acalasia im- portantes preditores de resposta clínica, tendo o subtipo II maior probabilidade de resposta a qualquer tratamento e o tipo III, menor. (18) Pratrap e col. (21) conduziram um estudo prospectivo e avaliaram a resposta clínica somente ao tratamento endoscópico de DPC em pacientes com acalasia. A distribuição entre os subtipos e a resposta ao tratamento são os que se seguem: 14/22 (63%) subtipo I; 18/20 (90%) subtipo II e 1/3 (33%) subtipo III. Aqui, também, o critério considerado como resposta positiva ao tratamento foi o relato subjetivo de melhora do paciente. Os autores concluíram que o tipo II apre- sentava melhor resposta clínica à DPC. (21) Em um estudo prospectivo na população chinesa, analisou-se diversos tratamentos para acalasia, como ITB, DPC e MLH, cuja

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