Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023

95 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.80-100, jul-set 2023 Febre amarela: uma trilha inacabada Terezinha Marta Pereira Pinto Castiñeiras, Luciana Gomes Pedro Brandão, Guilherme Sant'Anna de Lira Informações epidemiológicas atualizadas, mesmo antes da divulgação de números oficiais, são fundamentais para o aconse- lhamento ao viajante. e. Recomendações específicas para populações especiais (gestação, imunodeficiência, extremos de idade) A vacinação de grupos especiais no contexto de surtos e viagem para áreas de risco pode ser desafiadora, e uma avaliação individual de risco-benefício deve ser feita fundamentada na situação epidemiológica. A idade entre 6 e 8 meses exige pre- caução para a vacinação antiamarílica, e lactentes dessa idade só devem ser imu- nizados se houver risco significativo de infecção natural. Quando possível, a via- gem deve ser adiada até os 9 meses. A precaução também se estende a pacientes acima de 60 anos, considerando o aumento de risco de eventos adversos graves nessa faixa etária, especialmente nos acima de 70 anos. (53) As vacinas vivas atenuadas contra FA só devem ser administradas durante a gravidez em situações de alto risco de infecção natu- ral, devido ao risco hipotético de infecção transplacentária e o reconhecimento de que crianças menores (e potencialmente o con- cepto) são mais suscetíveis à neuroinvasão pelo vírus 17D. No entanto, a imunização inadvertida de gestantes (geralmente nas semanas iniciais da gravidez) não indi- ca abortamento terapêutico. Se possível, mulheres devem esperar quatro semanas após a vacinação para conceber. O aleitamento também inspira precau- ção e avaliação individuada de risco-bene- fício para a vacinação. O vírus vacinal pode estar presente no leite materno. Apesar da frequência de transmissão ser incerta, três casos de YEL-AND já foram relatados em crianças em aleitamento materno exclusivo cujas mães foram vacinadas contra febre amarela. (59,60) História prévia de alergia a ovo ou seus produtos, proteínas de galinha, ou vacinas baseadas emovo ou a gelatina estabilizadora em vacinas não devem ser consideradas contra-indicações absolutas ao uso da vacina 17D. Experiência clínica em áreas endêmi- cas sugere que a vacina pode ser segura adotando avaliação sistemática com testes cutâneos de alergia e protocolos de dessen- sibilização guiados por um alergista. (61,62) A vacina antiamarílica é contraindicada em condições imunossupressoras primárias ou adquiridas, dado o risco de eventos ad- versos graves. Quando possível, a vacinação deve ser realizada quatro semanas antes de iniciar medicamentos imunossupressores, ou adiada caso a interrupção da medicação esteja prevista ou seja planejável. 11. LACUNAS DE CONHECIMENTO A SEREM PREENCHIDAS Para uma doença há muito conhecida, prevenível por uma vacina eficaz, os even- tos recentes de reemergência demonstram

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