Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023

94 Febre amarela: uma trilha inacabada Terezinha Marta Pereira Pinto Castiñeiras, Luciana Gomes Pedro Brandão, Guilherme Sant'Anna de Lira Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.80-100, jul-set 2023 essas regiões usualmente têm outros riscos de doenças infecciosas preveníveis, a pre- venção de adoecimento não se resume na tomada de uma dose de vacina antiamarílica. A ausência de casos notificados na re- gião de destino não significa ausência de risco, uma vez que os residentes de áreas endêmicas podem estar protegidos por vacinação sistemática. O silêncio epidemio- lógico pode transmitir uma falsa sensação de segurança. Também é importante en- fatizar que alguns países endêmicos não exigem vacinação na entrada, mas os via- jantes devem ser vacinados como medida de proteção individual. Os viajantes devem planejar com antece- dência a aquisição de itens de proteção in- dividual contra mosquitos, como repelentes e permetrina, uma vez que esses produtos podem ser difíceis de serem encontrados em algumas regiões. Uma prova de vacinação contra febre amarela pode ser exigida na entrada em di- versos países (Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia – CIVP), incluindo não endêmicos. Faz parte do planejamento da viagem checar a exigência de todos os países (57) ao qual o viajante se dirige, mesmo aqueles que são apenas conexões. Para viajantes com contraindicação ou precaução de vacinação (Quadro 2), uma dispensa médica pode ser emitida para en- trada em áreas não endêmicas que exigem vacinação para entrada. Se houver risco real de febre amarela na área de destino de um viajante com contraindicação à vacina, o médico deve aconselhar o cancelamento da viagem ou a troca de itinerário. Ra- zões outras que não as contraindicações médicas formais não são aceitáveis como dispensa de vacinação. Durante a viagem e depois do retorno, é importante que o viajante saiba que a febre pode ser um sintoma de diferentes doenças, inclusive malária, que pode ser fatal caso seja perdida a oportunidade de diagnóstico e tratamento. Áreas de ris- co para FA também podem ter risco de malária e febre deve ser um alerta para a procura por serviços médicos. Em países em desenvolvimento, o acesso a serviços de saúde de qualidade pode ser escasso e custoso, então é importante conhecer com antecedência os recursos que estarão disponíveis e considerar a contratação de um seguro viagem que permita evacuação de emergência. (58) d. Recomendações específicas para profissionais de saúde Os profissionais de saúde devem ter em mente que o risco de FA durante uma viagem é determinado por múltiplos fatores. Viajantes destinados a áreas endêmicas de- vem ser vacinados, independentemente de ocorrência recente de casos, considerando que a febre amarela pode circular de forma silenciosa no ciclo zoonótico entre PNH e mosquitos, com poucos casos humanos na população local devido à cobertura vacinal.

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