Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023

69 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.61-79, jul-set 2023 Cintilografia de Perfusão Miocárdica: aplicações e avanços recentes Claudio Tinoco Mesquita et al. IDENTIFICAÇÃO DE PACIENTES DE ALTO RISCO A cintilografia de perfusão miocárdica se mostra como um exame apropriado para pacientes sintomáticos comDAC, diagnos- ticados ou não, que possuem risco para um evento cardiovascular. (32) A presença de determinados achados nos exames cinti- lográficos destes pacientes são especial- mente importantes, pois indicam um risco aumentado destes desfechos adversos (>3% de mortalidade anual), sendo que os mais importantes são: a. Extensos defeitos de perfusão mio- cárdica: áreas de isquemia miocárdica extensas (acima de 20% do ventrículo esquerdo) ou áreas de isquemia em múltiplos territórios coronarianos são associados a piores desfechos. b. Disfunção ventricular esquerda em repouso ou queda transitória da fun- ção sistólica ventricular esquerda. A presença de fração de ejeção do VE em repouso ou após estresse abaixo de 45% é indicativo de maior risco, bem como a queda de 10% na fração de ejeção após estresse em comparação com os valores de repouso, achado este frequentemente associado ao atordoamento miocárdico. c. Dilatação transitória da cavidade ventricular esquerda após estresse , que também está associada à disfunção ventricular esquerda isquêmica. d. Captação pulmonar aumentada de 99mTc-sestamibi ou de 201Tálio após estresse. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DO FLUXO SANGUÍNEO CORONARIANO ATRAVÉS DA CINTILOGRAFIA COM CÂMARAS DE SPECT CZT As técnicas de medicina nuclear são capazes de avaliar de modo quantitativo o fluxo sanguíneo do miocárdio (FSM, me- dido emmililitros por minuto por grama de miocárdio) e a reserva de fluxo sanguíneo miocárdico (RFSM, que é definida como a razão entre o FSM de estresse e de re- pouso). Essas medições absolutas do FSM permitem uma quantificação mais precisa do efeito das estenoses coronárias focais na irrigação do miocárdio e conseguem mensurar o impacto funcional de outras formas de lesões coronárias como a ateros- clerose difusa e disfunção microvascular. A tomografia por emissão de pósitrons com traçadores de perfusão, como o 82Rubídio ou 13N-Amônio, tem sido considerada o método padrão para a avaliação quantitativa do FSM e ampla literatura tem demonstrado ser uma grande ferramenta clínica. (33,34) A mensuração quantitativa do fluxo miocárdico é útil por diversos motivos, destacando-se a melhoria na detecção da extensão e gravidade da limitação do flu- xo em pacientes com doença coronariana, permitindo a detecção de casos de isquemia balanceada do miocárdio (situações em que a avaliação comparativa da perfusão miocárdica entre as paredes do ventrículo esquerdo pode levar a falsos negativos), bem como a avaliação de doença microvascular.

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