Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 2 - 2023

83 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.2, p.77-86, abr-jun 2023 Tromboembolismo venoso no climatério André Luiz Malavasi Longo de Oliveira et al. Mais recentemente, o MEVE (Meno- pause, Estrogen and Venous Events study) investigou a associação do estrógeno trans- dérmico ao risco de recorrência de TEV. (26) Essa coorte ampla, que incluiu 1.023 mulheres na pós-menopausa com história pessoal de TEV, apresentou resultados que sugerem que o estrógeno transdérmico pode ser seguro com relação à recorrên- cia de TEV (RR: 1,0; IC de 95%: 0,4-2,4) e confirmam que, quando do uso de estró- geno oral, o risco de recorrência de TEV é importante (RR: 6,4; IC de 95%: 1,5-27,3). (26) Esses resultados necessitam de confir- mação adicional, todavia adicionam nova evidência de segurança quanto à utiliza- ção da via transdérmica em mulheres na pós-menopausa. (3) O estrógeno por via oral causa mudan- ças protrombóticas na coagulação sanguí- nea. Esse impacto provavelmente ocorre pela passagem hepática do estrogênio no fígado, que é também o local de sínte- se da maioria das proteínas envolvidas na coagulação. Ensaios clínicos diversos demonstram diferentes modificações na coagulação, dependendo da via de admi- nistração da TRH. (3) Esses estudos mostraram consistente- mente que o estrogênio por via oral, mas não transdérmica, interfere na atividade fibrinolítica e induz a resistência à proteína C ativada (RPCa), que tem sido relacionada à elevação do risco de TEV. (3) A RPCa po- deria ser mediada pela redução dos níveis da proteína S e dos níveis do inibidor do ativador do plasminogênio. Finalmente, a geração de trombina na ausência de pro- teína C ativada (PCa) tem surgido recen- temente como preditor de trombose tanto venosa quanto arterial, e esse marcador biológico está aumentado em mulheres na pós-menopausa que empregam estrogênio oral, mas não nas usuárias de estrógeno transdérmico. (3,27) Em mulheres na pós-menopausa que utilizam TRH, o impacto dos progestagê- nios tem sido pouco estudado. Dois ensaios clínicos controlados e randomizados mos- traram que não há mudança nos fatores da coagulação nem nos níveis de PCa entre usuárias de TRH transdérmica combinada com progesterona micronizada. (3,28,29) Adicionalmente, um recente estudo evidenciou que a utilização de estrógeno transdérmico combinado com derivados norpregnanos poderia ativar a coagulação sanguínea e a RPCa. (30) Mulheres em TRH suscetíveis ao TEV Com o intuito de prevenir o TEV em mulheres que solicitam TRH, é importante identificar os subgrupos suscetíveis. Pou- cos estudos investigaram em qual extensão o risco cardiovascular é adicionado ao risco de TEV em usuárias de TRH. (3) A idade é um fator de risco bem conhe- cido, visto que a incidência de TEV au- menta acima dos 50 anos. No estudo WHI, a mais alta incidência de TEV foi entre as mulheres com 70 a 79 anos de idade que

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