Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 2 - 2023

37 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.2, p.25-41, abr-jun 2023 Hepatite alcoólica Bernardo da Cruz Junger de Carvalho et al. por Pneumocystis , candidíase e aspergilo- se invasiva) são um problema emergente, particularmente em pacientes com HAG, tratados com corticosteroides. Prevenção e tratamento da lesão renal aguda A lesão renal aguda (LRA) geralmente está presente em pacientes comACLF e tem um impacto negativo na sobrevivência. A prevenção da LRA, evitando o uso de agen- tes de contraste, é obrigatória, juntamente com a identificação precoce da SHR. O uso de betabloqueadores não seleti- vos (BBNS) está associado à ocorrência de lesão renal aguda na HAG. Recomenda-se monitoração rigorosa da pressão arterial e da frequência cardíaca em doentes com HAG, particularmente no caso de tratamen- to com BBNS. Nos pacientes com ascite, os BBNS tradicionais ou o carvedilol devem ser reduzidos ou descontinuados em caso de pressão arterial persistentemente baixa (pressão arterial sistólica <90 mmHg ou pressão arterial média <65 mmHg) e/ou SHR-LRA. Uma vez que a pressão arterial retorne à linha de base e/ou haja resolução da SHR-LRA, os BBNS podem ser reini- ciados ou retitulados. (44) A LRA é uma complicação comum em pacientes hospitalizados com HAG e pode ser decorrente de causas pré-renais, renais intrínsecas e pós-renais. A LRA pré-renal continua sendo a etiologia mais comum, enquanto a etiologia mais temida é a SHR. Essas entidades podem ser diferenciadas por meio de expansão de volume (albumina 1g/kg/dia, até 100g por 48h). A ultrassono- grafia pode ser usada para descartar causas pós-renais. Diuréticos devem ser descon- tinuados em pacientes com LRA. A SHR resulta da vasoconstrição da artéria renal secundária à vasodilatação esplâncnica observada na doença hepática. O tratamento da SHR baseia-se no uso de vasoconstritores (terlipressina ou noradrenalina) em combi- nação com a administração de albumina. (34) Transplante hepático (TH) O papel do TH para pacientes comHA é controverso. Com apenas 50% de benefício de sobrevida com o tratamento específico com corticoides e com mortalidade de 75% dos não respondedores, há necessidade de opções terapêuticas mais definitivas para a HAG. A opção do TH traz para dis- cussão questões éticas importantes. Num contexto de escassez de órgãos, cresce a preocupação com o comprometimento do enxerto pelo risco de recidiva do alcoolismo após o transplante. Trata-se de um dano autoinfligido. Porém, outras etiologias con- templadas têm também importante relação com o comportamento (p.ex. , tentativa de suicídio por overdose de paracetamol, há- bitos alimentares na esteato-hepatite não alcoólica). Ademais, não há evidências claras de que sustentassem o tempo de 6 meses de abstinência, previamente exigido, como o parâmetro ideal de indicação do transplante.

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