Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 2 - 2023

15 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.2, p.13-24, abr-jun 2023 Doença do Refluxo Gastroesofágico Luiz J. Abrahão Junior São mediados pelo nervo vago e podem ser iniciados pela distensão do fundo gástrico ou ao assumir a posição ortostática. Podem ser inibidos por agonistas de receptores GABA tipo B (baclofen), constituindo um novo alvo no tratamento da DRGE. Hipotensão do esfíncter inferior ocorre quando a pressão basal se encontra abaixo de 10 mmHg, sendo pouco comum em pa- cientes com DRGE. Hipotensão transitória pode ocorrer em resposta a alguns alimen- tos (café, gordura, carminativos), tabaco, distensão gástrica, medicamentos. Refluxo livre (não relacionado ao aumento da pressão abdominal) ocorre quando a pressão basal do EEI se encontra abaixo de 4 mmHg. O EEI possui dois componentes ana- tômicos: o extrínseco, representado pela crura diafragmática, e o intrínseco, repre- sentado pela camada muscular esofágica a este nível. A presença de hérnia hiatal se correlaciona com DRGE mais grave por dois grandes motivos: pela perda do componente extrínseco do EEI, tornando a barreira antirrefluxo falha principalmente durante períodos de aumento da pressão intra-abdominal, e por aumentar o número de relaxamentos transitórios do EEI. Outros fatores associados a maior pre- valência de DRGE são obesidade, gravidez e uso de estrógenos. Disfunção na depuração esofágica tam- bém foi descrita na esofagite de refluxo. Pacientes com esofagite erosiva apresentam maior tempo de exposição esofágica ao ácido por redução da depuração secundária a distúrbios motores esofágicos e redução da produção de saliva. Mais recentemente surgiu o conceito da bolsa ácida, uma região abaixo da cárdia presente no período pós-prandial cujo pH é extremamente ácido, não tamponado, e que fica disponível para refluir nos momentos de relaxamentos transitórios do EEI. (3) DIAGNÓSTICO A endoscopia digestiva alta é o exame de escolha na avaliação de pacientes com sintomas de DRGE, sendo particularmente indicada em pacientes com sintomas crôni- cos de refluxo, com idade superior a 40 anos e nos portadores de sintomas de alarme (disfagia, odinofagia, anemia, hemorragia digestiva ou emagrecimento). Cerca de 40% dos pacientes com DRGE desenvolvem esofagite, não havendo corre- lação entre a gravidade dos sintomas típicos (pirose e regurgitação) e a intensidade da esofagite. (4) A esofagite de refluxo se apresenta como solução de continuidade de mucosa (erosão e/ou ulceração), se originando na linha Z e com extensão proximal variável, associada ou não a complicações como estenose ou epitélio de Barrett. A presença de erosões/ ulcerações em outros segmentos esofágicos com preservação da mucosa do esôfago dis- tal sugere outras etiologias, como esofagite medicamentosa ou infecciosa.

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