Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 2 - 2023
46 Esteatose Pancreática José Galvão-Alves e Bruna Cerbino de Souza Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.2, p.42-54, abr-jun 2023 DIAGNÓSTICO Histologia Análises de amostras de tecido pan- creático à microscopia revelam a presença de numerosos adipócitos. Com o auxílio da imuno-histoquímica, é possível visualizar o acúmulo intracelular de gordura nos ácinos e ilhotas, o qual precede a infiltração do parênquima por adipócitos, segundo Lee e colaboradores. (18) Imagem Atualmente, a avaliação e quantifica- ção do acúmulo de gordura pancreática são feitas de forma não invasiva, por meio de diferentes exames de imagem, como ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Todos visam à gra- duação indireta da infiltração gordurosa no pâncreas, objetivando encontrar resultados aproximados aos da análise histológica, cujas amostras são obtidas via biópsia, considerada o padrão ouro no diagnóstico desta condição. A esteatose pancreática é ainda, com certa frequência, um achado incidental nos exames de imagem. À ultras- sonografia, apresenta-se como uma hipere- cogenicidade do tecido pancreático. (19,20) No entanto, a fibrose do parênquima também se mostra hiperecogênica sob esta técnica, o que de certa forma restringe seu empre- go no rastreio da esteatose. (20,21) Limitante também é o fato de que, especialmente nos indivíduos obesos, o pâncreas não é bem ou completamente visualizado ao ultrassom. A detecção da esteatose através da ultras- sonografia se utiliza da comparação entre a ecogenicidade do pâncreas com aquela exibida pelo fígado e rins; uma ecogeni- cidade pancreática maior apontaria para a presença de gordura parenquimatosa, enquanto densidade semelhante à exibi- da pela gordura retroperitoneal indicaria maior severidade do quadro. (22) A análise do pâncreas esteatótico sob tomografia computadorizada (TC) revela um parênquima de densidade análoga à do tecido adiposo (Figuras 1 e 2). Trata-se de um exame rápido, amplamente disponível, que dispensa o emprego de contraste venoso para o diagnóstico da esteatose pancreática. No entanto, utiliza radiação ionizante, não possui sensibilidade adequada para a detec- ção dos casos leves de infiltração gordurosa focal e ainda não há limites definidos para o diagnóstico da esteatose pancreática. (23) À ressonância magnética (RM), a gordu- ra macroscópica se apresenta hiperintensa, tanto nas sequências ponderadas em T1 quanto em T2 (Figuras 3 e 4). O gradiente eco (GRE) com desvio químico em “fase” e “oposição de fase” é utilizado na avaliação de gordura intracelular que, quando presente, provoca uma perda de intensidade de sinal nas imagens obtidas em “oposição de fase” comparativamente às obtidas em “fase”. (24,25) Tal perda de sinal é proporcional à quan- tidade de gordura, sendo este um método de elevada acurácia na quantificação de gordura pancreática, quase equivalente à histologia e bioquímica para uso in vivo.
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