Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

82 Endocardite infecciosa: uma revisão narrativa Claudio Tinoco Mesquita et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.73-84, jan-mar 2023 precoce, terapia antimicrobiana específica com reduzida toxicidade, acesso a exames de alta complexidade, monitoramento efi- caz de complicações e acompanhamento adequado. O uso dessa abordagem diminui aproximadamente pela metade a mortali- dade em um ano. (3,9,13) Terapia antimicrobiana O tratamento da endocardite infecciosa envolve terapia antimicrobiana prolongada, geralmente parenteral e por um período de 4 a 6 semanas. A escolha do antimicrobiano depende do agente infeccioso, da gravidade da doença e da sensibilidade aos antimicro- bianos. A terapia, muitas vezes, inicia-se de forma empírica e, depois de estabelecida a etiologia, é modificada, a fim de se tornar mais específica ao patógeno. (2) A escolha da abordagem antibiótica empírica na endocardite infecciosa de- pende de vários fatores, incluindo o perfil epidemiológico local, os fatores de risco do paciente, a suspeita de microrganismos cau- sadores. Geralmente, a terapia antibiótica empírica deve ser iniciada o mais rápido possível após a suspeita de endocardite e adequada coleta de hemoculturas que vão nortear possíveis ajustes da antibioticotera- pia. Algumas das opções mais comuns para antibióticos empíricos na endocardite são: 1. Combinação de beta-lactâmico (p. ex., penicilina, ceftriaxona) e aminoglicosí- deo (p. ex., gentamicina): Essa combi- nação é útil para casos de endocardite por Streptococcus do grupo Viridans, Streptococcus do grupo Bovis, e Ente- rococcus spp., que são microrganismos frequentemente associados à endocar- dite. É importante ajustar as doses dos aminoglicosídeos com base na função renal do paciente. 2. Vancomicina: A vancomicina pode ser uma opção empírica em casos de suspei- ta de endocardite por Staphylococcus , incluindo o Staphylococcus aureus , que é um patógeno comum associado à en- docardite, especialmente em pacientes com fatores de risco, como uso prévio de antibióticos, presença de próteses valvares, ou infecções relacionadas a dispositivos intravasculares. Um pequeno ensaio clínico mostrou que a ciprofloxacina oral e a rifampicina tiveram taxas de cura semelhantes (89% e 90%, respectivamente), quando com- paradas à terapia intravenosa convencio- nal para EI à direita não complicada por Staphylococcus aureus emusuários de dro- gas ilícitas intravenosas, mas as toxicidades medicamentosas foram mais comuns no último grupo. (14) O uso da gentamicina para o tratamento de EI por S. aureus sensível à oxacilina não é mais recomendado. (9,15) A terapia antimicrobiana parenteral ambulatorial (Outpatient Parenteral Anti- microbial Therapy - OPAT) na EI é usada em pacientes estáveis infectados por um microrganismo sensível a antibioticoterapia

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