Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023
9 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.7-15, jan-mar 2023 Hipotireoidismo subclínico - Revisão e atualização Rogério Bosignoli, Michelle de Moura Balarini, Carolina Bastos da Cunha graves, doença de Addison, resistência ao TSH, interferência no ensaio laboratorial – anticorpos heterófilos e macro-TSH –, drogas (amiodarona, lítio, interferon alfa, inibidores de tirosina quinase, inibidores de checkpoint imunológico) e excluir causas transitórias de aumento do TSH (tireoidi- te subaguda, pós-parto e de Hashimoto, lobectomia, radioiodoterapia para doença de Graves, radioterapia cervical, recupera- ção de uma doença grave não tireoidiana, suspensão da levotiroxina ou tratamento inadequado do hipotireoidismo franco). (3,4) Além disso, o pico noturno do TSH séri- co pode ser atrasado em trabalhadores em turno noturno, naqueles indivíduos com padrões de sono irregulares, em seguida a exercícios vigorosos e em casos de trans- torno de humor e depressão. (3) Uma vez que os níveis de TSH se correlacionam com o índice de massa corporal e marcadores de resistência à insulina, concentrações de TSH >3,5mU/mL também são comuns em pessoas com obesidade. (3) Em pacientes com insuficiência adrenal primária ou secundária/central, na ausên- cia de hipotireoidismo central, podem-se encontrar níveis aumentados de TSH com níveis normais de T4 livre, de forma se- melhante ao hipotireoidismo subclínico. Entretanto, quando o aumento do TSH ocorre apenas em decorrência da insufi- ciência adrenal, os níveis de TSH caem a partir da reposição de glicocorticoide. (5) Pacientes com insuficiência adrenal devem receber reposição de glicocorticoide antes da reposição de levotiroxina, de modo a evi- tar a exacerbação da insuficiência adrenal com o tratamento do hipotireoidismo. CONSEQUÊNCIAS DO HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO Progressão para hipotireoidismo franco A taxa anual de progressão para hi- potireoidismo franco varia de 2% a 4%. (6) O risco de progressão está relacionado à concentração sérica inicial de TSH (au- mentando com valores de TSH >12mU/mL a 15mU/mL) e à presença de anticorpos an- titireoperoxidase, (6) sexo feminino, e níveis de T4 livre no limite inferior do intervalo de referência. (7) Pacientes que receberam radioiodoterapia ou alta dose de radiotera- pia externa, têm grande possibilidade de progredir para hipotireoidismo franco. Em contrapartida, é provável a persistência do hipotireoidismo subclínico naqueles pa- cientes submetidos a cirurgia de tireoide por indicações que não o hipertireoidismo ou naqueles que receberam baixa dose de radioterapia externa por condições benig- nas na infância. (6) Também já foi descrita a recuperação da função da tireoide em pacientes com hipotireoidismo subclínico, embora a fre- quência desse fenômeno não esteja clara e é mais provável em pacientes sem anticorpos antitireoidianos, comníveis de TSH <10mU/ mL e dentro dos dois primeiros anos após o diagnóstico. (6)
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