Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

29 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.16-41, jan-mar 2023 Manejo das complicações gastroenterológicas no paciente diabético José Galvão-Alves e Bruna Cerbino de Souza envolvimento do tecido exócrino na des- truição autoimune das células das ilhotas. Diagnóstico A principal consequência clínica da IEP é a má digestão de gorduras, que se mani- festa através de esteatorreia e provoca a má absorção de micronutrientes e vitaminas lipossolúveis. Vários métodos foram desen- volvidos para o diagnóstico da IEP, sendo divididos entre testes diretos e indiretos. Os métodos diretos, representados pelo teste da secretina e colecistocinina, apre- sentammaior sensibilidade e especificida- de, permitindo o diagnóstico mais preco- ce, quando a IEP ainda se encontra mais branda, em estágio inicial. São realizados por meio da análise do suco pancreático, mensurando a concentração hidroeletrolí- tica e enzimática do suco via aspirado duo- denal, após estímulo hormonal adequado com secretina e/ou colecistocinina. Apesar de precisos, são pouco disponíveis, caros e desconfortáveis ao paciente, sendo rea- lizados apenas em centros especializados. Os métodos indiretos são os mais comu- mente utilizados em nossa prática clínica, ainda que sejammenos sensíveis e efetuem o diagnóstico somente em estados mais avançados. O padrão ouro, o teste quanti- tativo da gordura fecal de 72 horas, consiste na administração de dieta padronizada contendo 100g de gordura e na posterior quantificação da perda de gordura nas fezes coletadas dos últimos 3 dias. É con- siderado positivo quando valor acima de 7g/dia de gordura nas fezes é encontrado, caracterizando a síndrome de má absorção. Outro meio habitualmente utilizado é a dosagem da elastase tipo 1, enzima de origem exclusivamente pancreática que permanece estável durante sua passagem pelo trato gastrointestinal (TGI), podendo ser quantificada em uma única amostra de fezes. O valor normal é >200mg/g, e quan- to mais baixo da referência, mais alta é a probabilidade de IEP. Tratamento As opções terapêuticas para a IEP in- cluem medidas dietéticas, reposição de enzimas pancreáticas e controle eficaz da doença de base. Orientações dietéticas Adequada orientação nutricional se faz necessária, objetivando uma dieta com satis- fatória ingesta calórica e correção apropria- da das deficiências vitamínicas e minerais. A dieta a ser seguida pelos pacientes com insuficiência exócrina pancreática não ne- cessita de grandes restrições alimentares, mas deve ser bem balanceada, com 35kcal/ kg/dia, 1 a 1,5g/kg/dia de proteínas e 30% de gorduras, rica em carboidratos, pobre em fibras, suficiente para a manutenção do status nutricional e considerando as neces- sidades particulares de cada indivíduo. (23) Os pacientes devem ser encorajados a consumir porções menores porém emmaior frequência, a reduzir a ingesta alcoólica

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