Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023
26 Manejo das complicações gastroenterológicas no paciente diabético José Galvão-Alves e Bruna Cerbino de Souza Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.16-41, jan-mar 2023 gástrico. (18) Pode ser administrada por via oral ou parenteral, na dose de 250mg, 3 vezes ao dia, devendo ser utilizada por no máximo 2 semanas. A eritromicina provoca efeitos colaterais gastrointestinais signifi- cativos, incluindo dor abdominal, náusea e vômitos, que podem limitar seu uso na gastroparesia diabética. Também é capaz de prolongar o intervalo QT, sendo razoável a monitoração com ECG seriados. O fár- maco deve ser prescrito com intervalos, a fim de permitir o “upregulation” dos recep- tores de motilina. Benefícios procinéticos semelhantes são observados com o uso de azitromicina. (19) Tratamentos endoscópicos e cirúrgicos Injeções de toxina botulínica na região pilórica por via endoscópica vêm sendo propostas para o tratamento da gastropa- resia. Esta neurotoxina inibe a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular, causando paralisia do piloro e reduzindo assim suas contrações espasmódicas, pro- vocando melhora dos sintomas, aceleração do esvaziamento gástrico que persiste por 3 a 6 meses, especialmente emmulheres e nos casos de gastroparesia idiopática. Também foi observado benefício em homens idosos com vômitos. No entanto, pequenos ensaios controlados não confirmaram o benefício da toxina botulínica versus placebo. (20,21) A estimulação elétrica gástrica de alta frequência e baixa energia tem como obje- tivo modular a transmissão aferente vagal, reduzindo os sintomas de gastroparesia. Seu uso foi aprovado em 2000 pelo FDA, todavia os dispositivos não afetam o esva- ziamento gástrico ou as ondas lentas, apesar de terem sido relacionados à redução dos sintomas e melhora do controle glicêmico e da qualidade de vida. (22) Outras tecnologias mais recentes neste campo incluem o uso de estimuladores gástricos em miniatura e sem fio, inseridos via endoscopia. Porém são necessários mais estudos para verificar a eficácia destes dispositivos em relação às demais técnicas. Os tratamentos cirúrgicos raramente são realizados, sendo restritos aos casos de pacientes com sintomas gastroparéticos refratários a todas as outras medidas ou para implantação de cateteres para des- compressão ou alimentação. A escolha do suporte nutricional e sua via de administração depende da gravi- dade da doença. As indicações para nu- trição enteral incluem: perda de 10% ou mais de peso não intencional, inabilidade para atingir o peso ideal com alimenta- ção oral, repetidas internações por sin- tomas refratários, necessidade de sonda nasogástrica para alívio dos sintomas. A colocação de cateteres via endoscópica ou cirúrgica para descompressão ou ali- mentação jejunal é reservada para os casos severos. A jejunostomia mantém o aporte nutricional, alivia os sintomas e diminui a frequência das hospitalizações, devendo ser precedida por uma alimentação nasojejunal bem-sucedida.
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