Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

80 Endocardite infecciosa: uma revisão narrativa Claudio Tinoco Mesquita et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.73-84, jan-mar 2023 transesofágica (ETE), por sua vez, é mais sensível e específica, permitindo uma avaliação mais detalhada. A ETE é necessária em todos os casos de suspeita de EI em prótese valvar cardíaca (PVC) para avaliação da hemodinâmica valvar, detecção de vegetação, abscesso ou fís- tula. A detecção de vegetação pode ser extremamente difícil devido a artefatos decorrentes do material utilizado nas próteses valvares. A sensibilidade da ETE na detecção de EI em PVC varia de 82% a 96% em contraste com eco- cardiografia transtorácica que tem uma sensibilidade de 17% a 36%. (11) ‚ Exames de imagem adicionais: Outra situação bastante desafiadora é em caso de suspeita de EI em dispositivos car- díacos eletrônicos implantáveis (DCEIs) como marcapassos e desfibriladores implantáveis. Estes DCEIs limitam a capacidade do ultrassom em avaliar os tecidos, porém a ecocardiografia deve ser mantida como o primeiro exame a ser solicitado para detecção de vegetações nos eletrodos ou nas valvas cardíacas, sendo a ETE superior à ecocardiografia transtorácica. Apesar de um exame po- sitivo ser fortemente sugestivo de EI em pacientes comDCEIs, um ecocardiogra- ma normal não afasta o diagnóstico de EI. Nestes casos os métodos auxiliares como a angiotomografia computadorizada e os exames de medicina nuclear, como a cintilografia com leucócitos marcados e a tomografia por emissão de pósitrons com 18F-FDG, são úteis como forma de elucidar o diagnóstico (12) (Figuras 2 e 3). Figura 2 Métodos diagnósticos empregados no diagnóstico de endocardite infecciosa. O eixo principal da investigação é centrado nas hemoculturas e ecocardiografia. Nos casos complexos, como em pacientes com próteses valvares ou dispositivos implantáveis, o uso das técnicas de tomografia computadorizada e de medicina nuclear é amparado pelas novas diretrizes.