Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

78 Endocardite infecciosa: uma revisão narrativa Claudio Tinoco Mesquita et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.73-84, jan-mar 2023 SINAIS E SINTOMAS DE EI: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS AGUDAS E SUBAGUDAS A endocardite infecciosa pode se apre- sentar em situações clínicas muito variadas. Muitos são os fatores que podem alterar essa apresentação clínica, como a presen- ça ou não de dispositivos intracardíacos, a presença ou não de doenças cardíacas preexistentes e o microrganismo causador. (9) Além disso, a doença pode se manifestar de forma aguda e subaguda. No primeiro caso, a infecção progride rapidamente, com sintomas mais específicos e claros. Já no segundo, os sintomas são mais inespecí- ficos, com pouca febre, por exemplo, o que prejudica o diagnóstico. (3) O tempo entre o início da doença e o aparecimento dos sintomas também pode variar de acordo com o tipo de endocardite infecciosa. (10) Por isso, há uma complexidade na elaboração de uma suspeita clínica, resultando em erros diagnósticos frequentes. Atrasos no diagnóstico também são comuns, os quais podem resultar em prognósticos adversos e complicações, como embolia. Como a endocardite infecciosa é uma condição que tem aumentado sua prevalência, sendo muitas vezes fatal, é necessário construir um plano de ação cujo objetivo seja otimizar o tempo de diagnóstico, evitando desfechos adversos para os pacientes. É fundamental ter atenção aos fatores de risco, como história anterior de endocardite infecciosa, realização de procedimentos in- vasivos, presença de cardiopatia congênita e o uso de dispositivos intracardíacos. Al- gumas comorbidades também aumentam os riscos de desenvolver a doença, como dia- bete mellitus , câncer, doença renal crônica, doença hepática crônica, doença pulmonar crônica e doença periodontal. (2) Essas situa- ções podem predispor o paciente a adquirir endocardite infecciosa. Além disso, a inci- dência dessa condição aumenta com a idade e está mais presente no sexo masculino. (10) Deve-se iniciar uma suspeita dessa doença em pacientes com febre associada a falta de apetite, perda de peso, sudorese noturna, mal-estar, calafrios, artralgias, sopro de regurgitação valvar e mialgia, sobretudo se também presentes um ou mais de um dos fatores de risco. Esses sintomas são indicativos para uma avaliação rigoro- sa, em busca de achados clínicos. Como a endocardite infecciosa tem manifestações diversas, nem sempre os sintomas aparecem de forma uniforme. Por exemplo, em até 10% dos pacientes a febre é inexistente e em até 15%dos pacientes o sopro não está presente. (3) Por isso, é extremamente necessário se atentar a todos os sintomas e realizar uma avaliação minuciosa para qualquer suspeita dessa doença. Com relação aos achados clí- nicos, pode-se mencionar esplenomegalia, manchas de Janeway, nódulos de Osler, manchas de Roth, petéquias subconjunti- vais e no palato e abscesso no rim, baço e na coluna vertebral. Nesse sentido, como a história clínica da endocardite infecciosa pode ser tão variada e diferente, a inovação no diagnóstico na

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