Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

76 Endocardite infecciosa: uma revisão narrativa Claudio Tinoco Mesquita et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.73-84, jan-mar 2023 FATORES DE RISCO PARA ENDOCARDITE INFECCIOSA Os principais fatores de risco para EI são: episódio prévio de EI, doenças valvares, cardiopatias congênitas (CC), uso de drogas ilícitas por via intravenosa e a presença de prótese valvar ou de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis. (1) Em relação às CC, a incidência de EI pós-cirurgia varia entre 1,3% e 13,3%. Além disso, nas CC um alto risco de mor- talidade, cerca de 6% a 14%. (3) A recidiva ou reinfecção ocorre em 2,6% a 8,8% dos pacientes que sobrevivem à EI, com alta taxa de complicações e mortalidade. (3) Outros fatores de risco notáveis são: doença renal terminal que necessita de hemodiálises frequentes, diabetes mellitus , HIV, uso de drogas ilícitas injetáveis e a associação desses últimos dois fatores. (1,4) Isso se deve às infecções recorrentes de acesso vascular e pelo grau de imunossu- pressão em cada uma dessas condições. (1) Há também situações e procedimentos de maior risco para EI, como procedimen- tos dentários que incluem a perfuração da mucosa oral e/ou região gengival e periapical do dente. (3) O risco do desenvol- vimento de EI pela bacteremia resultante do procedimento é maior em pacientes que já possuem os principais fatores de risco (CC, EI prévio e presença de prótese val- var/dispositivo implantável). (3) No entanto, o risco de EI por procedimentos dentários ainda é baixo quando comparado ao risco de EI associado aos cuidados de saúde hospitalar (resultante de procedimentos invasivos ou uso de materiais não bioló- gicos implantados a longo prazo). (4) Uma estratégia racional de prevenção é focar na educação de profissionais da saúde para a importância de medidas assépticas, em vez do foco em antibioticoterapia profilática para procedimentos dentários. (4) AGENTES CAUSADORES DE ENDOCARDITE INFECCIOSA: BACTÉRIAS, FUNGOS E OUTROS MICRORGANISMOS O endotélio valvar pode ser lesionado por ação mecânica, lesões prévias que deixam o tecido sensibilizado, tornando- -o suscetível à adesão e proliferação de alguns microrganismos. As bactérias são responsáveis por 80% da ocorrência de EI, seguida por alguns fungos e outros microrganismos. (7) Esses agentes estão presentes na pele, cavidade oral, trato ge- niturinário, trato gastrointestinal, além de outros sítios de origem onde, em condições ambientais normais, não causam proble- mas. (6) Podem chegar ao tecido lesionado através de incisões cirúrgicas recentes, catéteres vasculares de demora e infecções sistêmicas. O mecanismo de adesão ao lo- cal sensibilizado realizado por bactérias consiste no entrelace das mesmas entre os feixes de fibrina que vão crescendo em camadas, fazendo com que as camadas externas protejammecanicamente as mais internas da ação de células fagocíticas ou

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