Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

57 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.42-60, jan-mar 2023 Abordagem clínica nas lombalgias: uma revisão narrativa Mirhelen Mendes de Abreu TRATAMENTO Tratamento comportamental da dor lombar Devido às preocupações contínuas sobre a relação risco/benefício de opiáceos e re- sultados subótimos em ensaios clínicos que avaliam outros agentes farmacológicos, as diretrizes publicadas têm enfatizado abor- dagens não farmacológicas, como exercício físico e fisioterapia, como tratamentos de primeira linha para a lombalgia. (4-6,12,13) O encontro inicial com os doentes com dor lombar deve ocorrer em um cuidado de atenção primária e começa por familiarizar um indivíduo com sua condição de dor e técnicas de autocuidado. Se a tranquilidade e o autocuidado não funcionarem, métodos adicionais estratificados pelo risco, como exercícios, e métodos de terapia cognitiva comportamental podem ser considerados. Se a lombalgia persistir, opções farmaco- lógicas e procedimentos invasivos podem ser considerados. O tratamento da lombalgia crônica é notoriamente desafiador, e o papel proemi- nente de expectativas negativas, do medo relacionado à dor e de vários comporta- mentos que evitem a perpetuação da lom- balgia exigem uma abordagem de gestão comportamental. (4-6,12,13) Isto é, o tratamento da lombalgia crônica exige mudança de hábitos de vida e de visão de mundo. No entanto, também não há consenso sobre o que constitui um desenho ou du- ração ótimos do tratamento. Uma gama de tratamentos psicológicos para indivíduos com dor crônica surgiu nas últimas cinco décadas, e aqueles que têm a finalidade de restaurar a busca de objetivos de vida individuais podem ser classificados como intervenções comportamentais. Em uma revisão sistemática que ava- liou a terapia cognitivo-comportamental para lombalgia subaguda, a maioria dos estudos incluídos notou benefício estatis- ticamente significativo desta intervenção para o controle da dor, independentemente do tempo de seguimento dos estudos. (4-6,12,13) A terapia cognitivo-comportamental tam- bém tem demonstrado diminuir o tempo de recuperação e prevenir o desenvolvimento de cronificação. Pesquisas futuras na área dos tratamentos comportamentais devem ter por objetivo personalizar as intervenções. Uma revisão sistemática sobre a redução do estresse baseada em mindfulness encontrou apenas pequenas diferenças de curto prazo para a melhora da dor e da função lombar (14) . Opções de tratamento não farmacológico Oliveira e colegas (15) resumiram as re- comendações de 15 orientações de prática clínica para o tratamento de lombalgia inespecífica. Das 15 orientações recomen- dadas, 11 foram contra o repouso no leito para dor lombar aguda, e quatro foram contra repouso no leito por qualquer pe- ríodo de dor. Mais de 50% endossaram a manutenção de atividades normais como

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