Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023
25 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.16-41, jan-mar 2023 Manejo das complicações gastroenterológicas no paciente diabético José Galvão-Alves e Bruna Cerbino de Souza glicêmico e redução dos sintomas com a terapia farmacológica. Medicamentos como anti-hipertensivos (p.ex. , bloqueadores do canal de cálcio ou clonidina), agentes anti- colinérgicos (p.ex ., antidepressivos) e ago- nistas do receptor do GLP-1 ( p.ex. , exenati- da, liraglutide) (16) devem ser descontinuados e substituídos por outros fármacos com menor potencial de retardo no esvaziamento gástrico, sempre que possível. As modificações dietéticas incluem o fracionamento das refeições, redução na ingesta de fibras não digeríveis e alimentos gordurosos, aumentar a ingesta de opções alimentares à base de líquido, pois a ve- locidade de esvaziamento gástrico para líquidos tende a ser preservada nos casos leves a moderados de gastroparesia. Ama- nutenção da euglicemia é um dos pilares no manejo da gastroparesia diabética, já que a hiperglicemia retarda o esvaziamento gástrico, reduz o tônus do fundo gástrico, aumenta a sensibilidade gástrica à dis- tensão, altera o ritmo das ondas lentas e provoca contrações pilóricas espásticas. Terapia farmacológica Devido a sua habilidade para acelerar o esvaziamento gástrico, os procinéticos são considerados os fármacos de primeira linha no tratamento da gastroparesia diabética. Metoclopramida possui ação procinética ao atuar como antagonista dopaminérgico periférico (D2) e agonista serotoninérgico (5-HT4) e ação antiemética como antagonis- ta dos receptores D2 centrais e 5-HT3. Pode ser utilizada na dose de 10mg, 2 a 3 vezes ao dia, 30 minutos antes das refeições. No en- tanto, seu uso deve ser limitado a um perío- do de até 12 semanas, devido aos importan- tes efeitos colaterais que apresenta. Devido a sua capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, é capaz de causar proe- minentes manifestações extrapiramidais, reações distônicas e discinesia tardia. Domperidona é um antagonista periférico do receptor D2 e apresenta efeitos pro- cinéticos e antieméticos. Ao contrário da metoclopramida, a domperidona possui uma penetração limitada à barreira hema- toencefálica, o que limita a ocorrência de paraefeitos associados ao sistema nervoso central. Porém exibe como temido efeito colateral o prolongamento do intervalo QT, podendo causar arritmias ventriculares. (17) As diretrizes atuais recomendam a reali- zação de eletrocardiograma (ECG) antes do início do tratamento com domperidona, e ECGs seriados, a cada 2 meses, durante o intervalo de 1 ano e a cada 6 meses após esse período. Deve ser utilizada na dose de 10mg, 3 vezes ao dia, 30 minutos antes das refeições. Caso a dose de domperido- na seja aumentada ou medicamentos que apresentem interação medicamentosa com esta sejam introduzidos, ECG de controle devem ser realizados commais frequência. Eritromicina é um medicamento da classe dos macrolídeos que, além do efeito antimi- crobiano, atua como agonista dos receptores de motilina, gerando contrações gastroduo- denais que potencializam o esvaziamento
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