Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

45 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.42-60, jan-mar 2023 Abordagem clínica nas lombalgias: uma revisão narrativa Mirhelen Mendes de Abreu Carregaro et al. analisaram a carga social imposta pela lombalgia, sob a pers- pectiva da produtividade, uso de recursos e custos. Os autores evidenciaram que as despesas totais com saúde foram estimadas em aproximadamente US$ 460 milhões nos 5 anos do período investigado (2012-2016). O número de internações por lombalgia neste período foi de 118.705. Os indivíduos entre 39 a 48 e 49 a 58 anos de idade apresenta- ram o maior número de dias de internação em cada ano. (6) PATOGÊNESE Causas multifatoriais e fatores de risco contribuem para a patogênese da dor lom- bar, e esta seção fornece uma visão geral. (4-6) Degeneração do disco Em uma revisão sistemática, Battié e seus colegas descobriram inconsistências ao definir o termo doença degenerativa do disco e identificação de discos dolorosos, o que cria confusão na literatura e algoritmos de tratamento divergentes. (7) As estruturas que constituem a lombal- gia incluem músculos, fáscia, ligamentos, tendões, articulações facetárias, elementos neurovasculares, vértebras e discos inter- vertebrais, todos suscetíveis a estressores bioquímicos, degenerativos e traumáticos. Os discos, que são de 70% a 80% aquosos, são compostos por um anel fibroso externo e núcleo pulposo interno. Os discos inter- vertebrais absorvem o choque, preservam os movimentos da coluna vertebral e dis- tribuem as forças de torção no eixo axial. Durante a cicatrização, a neovascularização ocorre e os nervos sensoriais minúsculos podem penetrar no anel e núcleo pulposo rompidos, levando à sensibilização me- cânica e química. Embora a ressonância magnética seja considerada um método altamente sensível para detectar patologia do disco, uma revisão sistemática encontrou evidências conflitantes, sugerindo que as alterações apontadas pela imagem possam não ser a causa real da dor lombar. Dor radicular (4-6) Dor lombar que se estende para a perna, geralmente abaixo do joelho (dor radicular), pode resultar da compressão mecânica do nervo e irritação química de vários me- diadores inflamatórios que extravazam dos discos degenerados. Ao contrário da dor referida nas articulações, músculos e discos, a dor normalmente irradia em um dermátomo definido. Hérnia de núcleo pulposo é a causa mais comum de dor radi- cular antes dos 60 anos. Após essa idade, a estenose espinhal é a principal causa. Estenose espinhal é mais comum no nível L4–L5 e pode resultar da hipertrofia da articulação facetária e ligamento flavo, pedículos congenitamente curtos e espon- dilolistese. Estenose da coluna vertebral pode causar compressão mecânica crônica, resultando em lesão axonal ou isquemia da raiz nervosa. Ressalte-se, no entanto,

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