Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

37 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.16-41, jan-mar 2023 Manejo das complicações gastroenterológicas no paciente diabético José Galvão-Alves e Bruna Cerbino de Souza EHNA, necessitando de mais estudos para sua recomendação nestas condições. (50) Incretinomiméticos : As incretinas são hormônios gastrointestinais liberados após ingesta alimentar e que aumentam a insu- lina lançada pelas células beta pancreáti- cas. Os incretinomiméticos são fármacos desenvolvidos para atuar à semelhança dos hormônios verdadeiros, e seu representante principal, os análogos do GLP-1, possuem um papel bem estabelecido no tratamento do DM2. Acredita-se que tais medicamen- tos possam emergir como novas opções no manejo da DHGNA, devido a sua similar patogênese com o DM2, porém ainda é prematuro indicá-las para o tratamento da doença hepática. Ácido ursodesoxicólico e ômega 3: Não há, atualmente, nenhuma clara evidên- cia para o uso de ômega 3 no tratamento específico da DHGNA; no entanto, estes parecem ter algum benefício no controle da hipertrigliceridemia. (51,52) Ácido ursodesoxicólico também não demonstrou nenhuma melhora histológi- ca ou na redução das aminotransferases, não sendo, nos dias atuais, indicado para o tratamento da DHGNA. (53) Cirurgia bariátrica A despeito da maior prevalência de es- teatose e esteato-hepatite nos indivíduos elegíveis à cirurgia bariátrica, é precoce sua indicação como opção terapêutica es- pecífica para a DHGNA. A redução do peso corporal não cirúrgica é comprovadamente efetiva na melhora de todas as variantes histológicas da doença hepática, incluindo a fibrose. Todavia, a manutenção da perda de peso é difícil de alcançar e, nos pacientes com IMC maior que 40kg/m² ou acima de 35kg/m² na presença de outras comorbida- des associadas, a cirurgia bariátrica pode ser aventada, visando uma melhora global da saúde desses indivíduos. Metanálise realizada em 2015 eviden- ciou que a maioria dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica apresentou melhora ou resolução completa dos achados his- topatológicos da esteatose, inflamação e balonização. (54) A cirurgia bariátrica pode auxiliar no tratamento da DHGNA no obeso grave, contudo sua indicação deve ser criteriosa. Hepatopatia glicogênica Ahepatopatia glicogênica (HG) pode ser definida como condição responsável pelo acúmulo de glicogênio no interior dos hepa- tócitos, levando à hepatomegalia e elevação das transaminases. É eventualmente vista em pacientes portadores de DM1 de longa data, mal controlado e emuso irregular de in- sulina. Foi primeiramente descrita em 1930, como componente da síndrome deMauriac, observada em crianças diabéticas do tipo 1 que apresentavam retardo no crescimento, caracteres cushingoides, hipercolesterole- mia, baixa estatura, atraso na maturidade sexual, e que possuíam em comum uma labilidade no controle glicêmico. (55)

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