Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

44 Abordagem clínica nas lombalgias: uma revisão narrativa Mirhelen Mendes de Abreu Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.42-60, jan-mar 2023 principal causa de perda de produtividade mundial, medida em anos, e a principal causa de anos vividos com incapacidade em 126 países. Uma revisão sistemática de 165 estudos de 54 países estimou a preva- lência pontual de lombalgia a ser de 11,9% (DP 2) e prevalência de 1 mês a ser 23,3% (DP 2,9), e ser mais comum em mulheres de meia-idade do que em mulheres mais idosas (ou seja, 40-80 anos). Os autores também descobriram que a incidência de dor lombar é menor em economias de baixa e média renda do que em economias de alta renda. Em 2019, uma revisão sistemática de 13 estudos da América do Norte, norte da Europa e Israel relatou que a prevalência variou entre 1,4% e 20,0%, e com incidência anual variando entre 0,024% e 7%, sendo o mais alto nos EUA. (4) Uma revisão sistemática e metanálise da prevalência de lombalgia em países de baixa renda, média-baixa e média-alta na África mostrou uma prevalência de 47%. (5) A prevalência de lombalgia aumenta com a idade, com taxas de 1% a 6% em crianças com idade de 7 a 10 anos, 18% em adoles- centes e um pico de prevalência variando de 28% a 42% em pessoas entre 40 e 69 anos. A dor nociplásica é a mais nova cate- goria de dor, tendo como patologia pri- mária a sensibilização central. Quando experimentada na região lombar, esta dor é muitas vezes referida como dor lombar inespecífica, embora este termo seja fre- quentemente mal aplicado a indivíduos em que a causa é desconhecida ou ambígua. A dor nociplásica também pode acompanhar dor mecânica e neuropática. CARGA SOCIOECONÔMICA Estima-se que a carga econômica da dor lombar seja de cerca de £ 2,8 bilhões no Reino Unido e mais de AU$ 4,8 bilhões na Austrália por ano. Nos EUA, estima-se que as despesas anuais com pacientes com dor lombar excedamUS$ 100 bilhões. Uma análise retrospectiva de quase 2,5 milhões de pacientes dos EUA com dor lombar re- cém-diagnosticada ou dor nos membros inferiores entre 2008 e 2015 revelou que 98,8% das coortes não se submeteram a cirurgia no ano seguinte ao diagnóstico. Aproximadamente 2/3 dos custos eco- nômicos da dor lombar decorrem de custos indiretos (p. ex., perda de produtividade). (4) Mutubuki e colegas constataram que sexo feminino, tenra idade, múltiplas causas, má qualidade de vida e alta incapacidade (ou seja, comprometimento funcional) forampre- ditivos de altos custos sociais (p. ex., cuidados de saúde ou diminuição da produtividade) entre pacientes com dor lombar crônica. (5) Gastos com o presenteísmo (ou seja, presentes no trabalho com desempenho abaixo do ideal) foram superiores aos custos médicos diretos. A natureza da lombalgia também pode resultar em custos menos quantificáveis como dificuldades em fazer tarefas domésticas, de se cuidar, engajar- -se em atividades recreativas, depressão e ansiedade. (4,5)

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