Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

10 Hipotireoidismo subclínico - Revisão e atualização Rogério Bosignoli, Michelle de Moura Balarini, Carolina Bastos da Cunha Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.7-15, jan-mar 2023 Doença cardiovascular O hipotireoidismo subclínico está asso- ciado a fatores de risco para doença cardio- vascular, como hipertensão, dislipidemia, aumento do tecido adiposo epicárdico, au- mento da espessura da íntima-média da ca- rótida e disfunção endotelial. (7,8) A alteração do perfil lipídico, especialmente o aumento de lipoproteína de baixa densidade (LDL) colesterol, e a disfunção endotelial apresen- tam melhora com o tratamento do hipoti- reoidismo subclínico. (4) Já foi demonstrada maior resistência à insulina em pacientes com síndrome de ovários policísticos quan- do há concomitante hipotireoidismo sub- clínico. (2) Há associação do hipotireoidismo subclínico com a síndrome metabólica, mas não foi demonstrada redução significativa do IMC como tratamento do hipotireoidismo subclínico com levotiroxina. (2) Além disso, evidências de vários estudos sustentam a associação entre hipotireoidismo subclínico e doença cardiovascular. (7) Hipotireoidis- mo subclínico também foi associado com redução da fração de ejeção, redução da complacência arterial e aumento do risco de insuficiência cardíaca. Possivelmente através do aumento da ativação do eixo renina-angiotensina-aldosterona, da va- soconstrição, da atividade simpática e da redução do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular. (7) Embora o hipoti- reoidismo subclínico tenha sido associado tanto à doença cardiovascular como aos seus fatores de risco, isso não foi consistente em todos os estudos, e o risco cardiovascular pode estar significativamente aumentado apenas em indivíduos jovens. (7) Mortalidade No hipotireoidismo subclínico, não há aumento de mortalidade por todas as cau- sas, assim como não há evidência clara de desfechos clínicos desfavoráveis ou de benefícios do tratamento com levotiroxina acima dos 65 anos e principalmente acima dos 80 anos. (9,10) Estudos epidemiológicos demonstram aumento da mortalidade cardiovascular em indivíduos com hipotireoidismo sub- clínico. Em estudo com 3.450 pessoas com hipotireoidismo subclínico comparados com 51.837 controles eutiroidianos, o risco relativo ( hazard ratio – HR) de mortalidade por doença coronariana foi 1,42 (IC 95% 1,03 a 1,95) para TSH entre 7,0mU/mL e 9,9 mU/ mL, e 1,58 (IC 95% 1,10 a 2,27) para TSH entre 10mU/mL e 19,99mU/mL. (11) Hipotireoidismo e ganho de peso O efeito do hipotireoidismo subclínico em relação ao ganho de peso parece míni- mo. Estudo avaliou a associação entre fun- ção da tireoide e índice de massa corporal (IMC), e a diferença no peso após 5 anos foi de apenas 1kg. (12) Outro estudo dividiu os pacientes em quartis, de acordo com o nível de TSH entre 0,5mU/mL e 10mU/mL. A diferença de peso em 3,5 anos, compa- rando o maior quartil com o menor quartil, foi de aproximadamente 2kg. (13)

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