Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023
56 Abordagem clínica nas lombalgias: uma revisão narrativa Mirhelen Mendes de Abreu Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.42-60, jan-mar 2023 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM NAS LOMBALGIAS O diagnóstico por imagem é ampla- mente utilizado na abordagem das síndro- mes de lombalgia. No entanto, a acurácia do método para identificar fator causal é controversa. Muito embora tenham sido publicadas numerosas orientações sobre a utilização de imagem para dor lombar, observa-se fraca correlação entre os sin- tomas, os achados dos métodos de imagem e a patologia. (12,13) Para dor lombar aguda, sinais de alerta, incluindo déficits neuro- lógicos graves ou progressivos, justificam a obtenção de imagens. Para dor lombar crônica, métodos de imagem de rotina não são recomendados, embora seu uso possa ser ponderado caso a caso, em especial quando os achados são suscetíveis de afe- tar os cuidados (p. ex., encaminhamento para cirurgia) ou presença de bandeiras vermelhas. Radiografia simples pode ser considerada ao avaliar a instabilidade da coluna vertebral (flexão e extensão), es- pondilolistese, ou rastreio da escoliose. A ressonância magnética não demonstrou melhorar os desfechos para os pacientes que são candidatos à injeção epidural de esteroides, mas pode resultar em maiores taxas de satisfação do paciente quanto ao cuidado obtido. Em outras palavras, embora não haja correlação clínica, a solicitação da ressonância magnética oferece ao paciente maior conforto decisional e confiança no cuidado prestado pelo médico. Em doentes candidatos à ressonância magnética, mas que apresentam contraindicações, as to- mografias computadorizadas têm mais de 90% de sensibilidade para detectar a maioria das patologias lombares. PREVENÇÃO A prevenção da dor lombar tem re- cebido maior atenção por parte dos pa- gadores públicos e privados, que lutam para encontrar soluções práticas para implementar um cuidado efetivo para o tratamento das lombalgias. (4-6,12, 13) Uma razão por trás desta falta de progresso pode ser a subestimação de aspectos não anatômicos que contribuem para a dor lombar, como fatores de risco psicossociais e subutilização de intervenções multi- dimensionais. Estudos anteriores sobre intervenções como exercício, educação e modificações ergonômicas produziram resultados modestos. Em adultos, uma revisão sistemática encontrou evidências de qualidade moderada de que apenas o exercício ou acompanhado de educação foi eficaz para a prevenção primária e secun- dária da dor lombar, e evidências de baixa qualidade no sentido de que a educação isolada, aparelhos ortodônticos, inserções de sapatos e correções ergonômicas foram ineficazes para a sua prevenção primária. Uma revisão sistemática confirmou que o exercício emmonoterapia e em combinação com educação foi eficaz como estratégia de prevenção primária para dor lombar.
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