Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

74 Endocardite infecciosa: uma revisão narrativa Claudio Tinoco Mesquita et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.73-84, jan-mar 2023 critérios para diagnóstico, (1) porém a epide- miologia da endocardite infecciosa pode ser dividida entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, tendo como maior di- ferença entre os grupos a prevalência de EI (17% e 77%) resultante de doença cardíaca reumática nos países em desenvolvimento. (4) Nos países desenvolvidos, o patógeno geralmente é o Staphylococcus sp., e ao longo de cinco décadas os pacientes têm contraído EI cada vez mais idosos. Isso se deve ao aumento da expectativa de vida, do número de pessoas nos grupos de risco e da ocorrência de procedimentos invasi- vos. (5) Já nos países em desenvolvimento, o patógeno geralmente é Streptococcus , e os pacientes geralmente são mais jovens, de 20 a 40 anos. (4) A EI vem apresentando mudanças na sua epidemiologia, aumentando a sua inci- dência commorbidade e mortalidade eleva- das. Nos Estados Unidos e na Europa, 16% a 30% dos casos são infecções de prótese valvar, e 25% a 35% dos casos de endocar- dite de válvula nativa são adquiridos dentro do hospital. No Brasil, a doença valvar em consequência da febre reumática ainda é um importante fator de predisposição à infecção, porém em países desenvolvidos a doença reumática é cada vez mais rara. (1,2,6) Pacientes com prótese valvar possuem maior risco de EI no primeiro ano e este risco diminui gradualmente para uma taxa baixa e estável. Além disso, o risco de EI em pacientes submetidos a implante percutâ- neo valvar não parece ser diferente quando INTRODUÇÃO A endocardite infecciosa (EI) é definida como uma infecção, geralmente bacteriana, do endocárdio. Ela ocorre, principalmen- te, nas válvulas cardíacas, apesar de, em alguns casos, ocorrer no septo entre as câmaras cardíacas (o endocárdio mural) ou em dispositivos cardíacos implantáveis. (1) Entre os maiores desafios que o car- diologista pode encontrar na sua prática clínica está a dificuldade de formulação de suspeita clínica e a confirmação diagnóstica da EI. A utilização de regras clínicas como os Critérios de Duke e o Duke Modificado aumenta o sucesso diagnóstico e leva a me- lhores desfechos no manejo clínico. Porém alguns fatores como a infecção por germes atípicos, a presença de próteses valvares e de dispositivos cardíacos eletrônicos im- plantáveis podem dificultar o diagnóstico de endocardite. (2,3) EPIDEMIOLOGIA DA ENDOCARDITE INFECCIOSA A incidência da EI é difícil de ser pre- cisamente determinada visto os diferentes Treatment is individualized for each patient, taking into consideration the severity of the infection, the causative agent, and the patient's clinical conditions. In conclusion, infective endocarditis is a serious infection of the heart that can be caused by various infectious agents. Diagnosis is based on clinical criteria and complementary exams, and treatment is complex, involving antimicrobial therapy, surgical treatment, and other therapeutic approaches. It is important to be aware of the risk factors, signs and symptoms, as well as the options for diagnosis and treatment of this condition in order to promote proper management and improve clinical outcomes for patients affected by infective endocarditis. Keywords: Infective endocarditis; Diagnosis; Treatment

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