Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

63 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.61-66, jan-mar 2023 Câncer de mama em pacientes jovens Letícia Pereira Gonçalves e Hilton Augusto Koch mama têm aumentado progressivamente no Brasil nos últimos anos. Na América Latina, o câncer de mama é diagnosticado em idade mais precoce quando comparado com pacientes de países de alta renda, com maior proporção ocorrendo entre mulheres jovens. As mulheres commenos de 40 anos representam aproximadamente 20%dos no- vos casos de câncer de mama resultantes. (9) O câncer de mama em mulheres jovens é considerado uma situação um tanto rara, correspondendo a 5% a 7% dos casos em países desenvolvidos. Em uma coorte de Franzoi e cols, mulheres com idade ≤ 40 anos representou 17% dos pacientes, um número significativamente acima das ta- xas relatadas na literatura. (9) Em um outro trabalho (10) a idade média do diagnóstico de câncer de mama no Brasil é de 53 a 55 anos, ao passo que em países de alta renda é de aproximadamente 64 anos. Uma revisão da literatura realizada por Villarreal Garza et al. (11) relatou maior inci- dência e mortalidade por câncer de mama em mulheres jovens na América Latina, quando em comparação com o que ocorre nos países desenvolvidos (20% v. 12% e 14% v. 7%, respectivamente). Outro estudo, liderado por Franco-Ma- rina e cols. (12) , confirmou a alta incidência de câncer de mama emmulheres jovens na América Latina, estimando que um em cada cinco casos é diagnosticado em mulheres com menos de 45 anos, quase o dobro da frequência observada em países desenvol- vidos como os Estados Unidos e o Canadá. Em relação às causas, essas devem ser mais bem investigadas. Em relação aos potenciais fatores de risco modificáveis​ para o câncer de mama se desenvolver em mulheres jovens, reconhecemos na coorte de Franzoi e cols (9) uma prevalência signi- ficativamente maior de consumo de álcool entre mulheres jovens. Recentemente, um esforço foi feito por especialistas em saúde pública e sociedades médicas para enfati- zar que a redução do consumo de álcool é vital, e em grande parte negligenciada, na estratégia de prevenção do câncer. Maior atenção a este assunto deve ser dada para comunicar eficazmente o papel do álcool como fator de risco para o câncer de mama e para melhor investigar seu impacto na prevalência do câncer de mama na Amé- rica Latina. (8) RASTREIO DO CÂNCER DE MAMA Programas de rastreio de câncer de mama geralmente não são acessíveis a mulheres jovens devido tanto à raridade da doença quanto à baixa sensibilidade mamográfica em jovens, em virtude de suas mamas densas na maioria dos casos. (13) Por esse motivo, a ferramenta de imagem de primeira escolha é a ultrassonografia, que está associada à maior sensibilidade e à ausência de riscos relacionados à exposição à radiação ionizante. (14) Mais recentemente, ressonância magnética de mama tem sido recomendada pela American Cancer So- ciety como uma ferramenta de diagnóstico em mulheres de alto risco, como mulheres

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