Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022

28 Lúpus Eritematoso Sistêmico: o que o clínico precisa saber Mirhelen Mendes de Abreu Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.13-30, out-dez 2022 Manter a pressão arterial abaixo de 140/90 mmHg pode reduzir eventos vas- culares, portanto isso deve ser considerado um alvo geral de seguimento. (21) No entanto, pacientes que apresentem dois ou mais fa- tores de risco para evento cardiovascular devem ter suas metas consideradas abaixo de 130/80 mmHg. Além disso, pacientes com doença renal se beneficiam de menores níveis de pressão arterial, ou seja, abaixo de 120/80 mmHg, e o uso de inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona mostra-se especialmente benéfico para este grupo de pacientes. Em um estudo populacional de siste- mas de dados administrativos de Taiwan, lúpus foi identificado como um preditor independente da mortalidade hospitalar após angioplastia coronária transluminal percutânea (ACTP). Esse achado foi inde- pendentemente associado à mortalidade geral, revascularização repetida e gran- des eventos cardiovasculares adversos. O estudo demonstra os riscos inerentes ao lúpus e destaca a necessidade de serem otimizadas as estratégias de prevenção para esses pacientes de alto risco. 3. Malignidades Taxas de malignidades diferem em pacientes com lúpus em comparação com a população geral. Há um risco aumentado de desenvolvimento de câncer hemato- lógico, pulmonar, tireoidiano, hepático, cervical e vulvovaginal, porém um risco reduzido de câncer de mama e de prós- tata. O risco para linfoma é aumentado aproximadamente três vezes e tem sido ligado ao aumento da atividade de cito- cinas inflamatórias múltiplas, bem como possíveis causas virais. (18,19) 4. Sobrevida e mortalidade As taxas de mortalidade padronizadas por todas as causas diminuíram signifi- cativamente ao longo do tempo, provavel- mente refletindo os avanços no manejo do lúpus e suas morbidades associadas. (21) No entanto, as taxas de mortalidade são particularmente elevadas em pacientes com menos de 40 anos. Os desfechos não são satisfatórios quando avaliado o quadro global para lúpus. Em países de alta renda, a sobrevivência em cinco anos excede 95% tanto em adultos quanto em crianças. Em países de baixa renda, a sobrevivência em cinco anos e dez anos foi menor entre crianças do que adulto. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA O CUIDADO DO PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Lúpus continua a ser uma doença desa- fiadora e incapacitante, mas há agora uma melhor compreensão de suas causas, reco- nhecimento precoce de seus sinais e sin- tomas, e oportunidades de tratamento com fármacos mais eficazes e menos tóxicos. Estes incluem, porém não se limitam a an- ticorpos direcionados a células B ou células

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