Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022
41 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.31-44, out-dez 2022 Nefrotoxicidade – Aspectos Básicos Caroline Azevedo Martins e Mauricio Younes-Ibrahim por clindamicina, evento adverso até então desconhecido, também foi definida por biópsia renal. (40) As informações da biópsia renal, além da cuidadosa relação temporal e causal com os fármacos, podem fornecer um diagnóstico mais preciso de DRID. Como a DRID é frequentemente causada por polifarmácia, pode ser difícil determi- nar a causalidade, mesmo com dados da biópsia renal. A decisão de iniciar a terapia renal subs- titutiva é complexa e geralmente reservada para lesões graves ou casos em que a toxi- cidade do fármaco pode ser atenuada pela remoção por diálise (p. ex., vancomicina, aminoglicosídeos). (41) A remoção de fárma- cos por diálise depende da característica do fármaco, incluindo pesomolecular, ligação a proteínas, volume de distribuição e caracte- rísticas operacionais do tratamento dialítico, incluindo tipo de membrana, taxas de fluxo de sangue e dialisato e duração da terapia. DISCUSSÃO O conhecimento da epidemiologia da DRID é limitado. A falta de consenso nas definições leva a uma grande variabilidade na incidência das séries relatadas de DRID. Fatores de risco para DRID variam com o tipo de medicamento, mas há fatores de risco comuns em populações vulneráveis, como idade avançada, diabetes e história de DRC. Estabelecer causalidade é um desafio em DRID e requer atribuição de risco não apenas para o fármaco suspeito, mas também para a contribuição relativa de cada fator de risco concomitante que esteja presente. Frequentemente não ocorre confirma- ção histopatológica da nefrotoxicidade por fármaco. A decisão de biopsiar um paciente requer uma avaliação de risco/benefício e a questão central é saber se uma biópsia mudará a conduta para o tratamento do paciente. Na maioria das vezes, a opção é apenas por descontinuar o medicamento. Dada a falta de ferramentas validadas para identificar a relação de causalidade, as informações de biópsia feita em séries de casos de nefrotoxicidade por medicamentos podem contribuir significativamente para o tema. À medida que o conhecimento au- menta, calculadoras de pontuação de risco, dados de avaliação de causalidade junta- mente com informações sobre protocolos de DRID podem levar ao desenvolvimento de ferramentas preditivas que possam iden- tificar precocemente os indivíduos e seus riscos de nefrotoxicidade medicamentosa. Estudos populacionais fornecendo gran- des amostras ajudam a identificar eventos raros ou não reconhecidos anteriormente, como IRA associada a antipsicóticos (42) ou interações medicamentosas que levam à toxicidade medicamentosa e IRA. (43) Modelos translacionais de pesquisa de nefrotoxicidade induzida por medicamentos identificando parâmetros farmacocinéticos, transportadores celulares de fármacos e biomarcadores de lesão renal foram desen- volvidos, mas ainda não estão plenamente
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