Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022

39 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.31-44, out-dez 2022 Nefrotoxicidade – Aspectos Básicos Caroline Azevedo Martins e Mauricio Younes-Ibrahim A estimativa ou a avaliação da função renal (taxa de filtração glomerular) de cada paciente é fundamental para a prescrição da dosagem dos medicamentos e a mitigação da DRID. Um dos fatores de confusão para o risco específico do paciente é um valor baixo da creatinina sérica (CrS) que ocorre devido à redução da sua massa muscular ou pode estar relacionada à idade e à doença de base. (26-28) Por vezes, a nefrotoxicidade por fár- macos ocorre de forma indireta, como nas interações medicamentosas que levam ao aumento das concentrações de medicamen- tos anti-hipertensivos, resultando em hi- potensão prolongada e subsequente IRA. (3) A identificação de fatores de risco gerais para DRID é relevante para o desenvolvi- mento de escores de risco clínico e para a previsão e minimização dos riscos apre- sentados. Como exemplo, a identificação de fatores de risco para nefropatia induzida por radiocontrastes levou ao desenvolvi- mento de escores de risco e implementação de medidas preventivas. (29-35) FARMACOLOGIA O conhecimento dos parâmetros farma- cocinéticos dos fármacos é fundamental para a determinação das doses terapêuti- cas e seus riscos de toxicidade. Eles levam em consideração a biodisponibilidade, o efeito de primeira passagem, o volume de distribuição, a eliminação, os clearances corporal, hepático, renal e dialítico e a meia-vida biológica. A farmacogenética e a farmacogenômica foram recentemente incorporadas à prática clínica e trouxeram o conhecimento das ba- ses genéticas das variabilidades individuais nas oscilações do efeito de um determinado fármaco. (2) O genoma humano contém 3 bilhões de pares de bases, com 99,99% de identidade entre todos os indivíduos. As diferenças no genoma que ocorrem em menos de 1% da população são denomina- das mutações, enquanto as frequências de mutações que ocorrem em mais de 1% são denominadas polimorfismos. (36-38) Os polimorfismos que acometem en- zimas do metabolismo de fármacos con- ferem peculiaridades farmacocinéticas e farmacodinâmicas aos medicamentos e aos xenobióticos. Os polimorfismos de citocro- mos P 450 são os mais comuns e interferem na fase I do metabolismo dos medicamen- tos. Estas novas ferramentas tecnológicas identificam as singularidades metabólicas dos indivíduos e resgatam a prática das prescrições personalizadas, de maneira que muito em breve as receitas médicas serão não mais para tratar doenças, mas sim para tratar o indivíduo portador de determinada doença. (36-38) TRATAMENTO O tratamento da nefrotoxicidade consi- dera o fenótipo manifestado, a gravidade da lesão e a condição subjacente para a qual o medicamento foi prescrito. A decisão de pa- rar ou reduzir a dose domedicamento agres- sor requer também uma atenção cuidadosa

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2