Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022

69 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.55-73, out-dez 2022 Atualização em Câncer de Mama Maurício Magalhães Costa Nos tumores de alto risco de recorrência é definida a indicação da quimioterapia adjuvante. A escolha do melhor esquema se baseia no perfil molecular e no poten- cial risco de cada paciente. Outro ponto de grande relevância está relacionado ao prazo de início da quimioterapia adjuvante; vários estudos sugerem que o atraso no início leva à redução do intervalo livre de recidiva e da sobrevida global. Recomenda-se que tratamento quimioterápico adjuvante deve iniciar até quatro semanas após a cirurgia. Para pacientes com doença RE / RP e HER-2 negativa (câncer de mama triplo negativo), administra-se quimioterapia ad- juvante se o tamanho do tumor for ≥ 0,5cm. Como esses pacientes não são candidatos à terapia endócrina ou ao tratamento com agentes direcionados ao HER-2, a quimio- terapia é sua única opção para tratamento adjuvante, após ou antes da radioterapia. Pacientes com câncer de mama triplo ne- gativo com tamanho < 0,5cm não são can- didatas à quimioterapia. As perspectivas futuras caminham para o desenvolvimento de medicamentos-alvo moleculares nos tu- mores triplo negativos, ainda um desafio na oncologia mamária. Nos tumores portadores de mutação do gene BRCA os inibidores da enzima poly ADP ribose polymerase (PARP) e da antiprogrammed death re- ceptor-1 (PD-L1) surgem como esperança nesse subtipo molecular, de acordo com estudos realizados na doença metastática. Pacientes com câncer de mama positivo para HER-2 com tamanho de tumor maior que 1cm devem receber uma combinação de quimioterapia e terapia direcionada a HER-2. Atualmente recomenda-se o duplo bloqueio com trastuzumabe e pertuzumabe. O tratamento de pequenos cânceres demama HER-2 positivos (≤ 1cm) é controverso. Nas pacientes com tumores entre 0,6cm e 1cm (T1b) com linfonodos negativos a utilização da quimioterapia adjuvante pode ser conside- rada, embora dados sejamainda conflitantes, mas estudos recentes demonstramvantagem, tanto na recidiva local como à distância. Após a quimioterapia, os pacientes com doença RE positiva também devem receber terapia endócrina adjuvante. RADIOTERAPIA Nos últimos anos, têm sido estudadas novas técnicas de radioterapia com menor exposição à radiação, semreduzir chances de cura ao tumor. As três principais estratégias empregadas para redução de toxicidade car- díaca são: reduzir dose de radiação, reduzir campo e volume de radiação e usar as novas formas de aplicação da radioterapia. Novas técnicas incluem radioterapia de intensidade modulada (IMRT), em que são utilizadas imagens tomográficas de três dimensões acopladas a uma programação computadorizada que controla o sistema dinâmico de radioterapia. Esta estratégia propicia que as doses de radioterapia sejam “esculpidas” em três dimensões usando de forma exata o desenho de áreas a serem tratadas e protegidas.

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