Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022

60 Atualização em Câncer de Mama Maurício Magalhães Costa Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.55-73, out-dez 2022 intestinal, característica que também favorece uma maior inflamação. f) Maior secreção de insulina. A insuli- na, hormônio que contribui para que a glicose seja aproveitada pelas células, também está envolvida no processo de inflamação iniciado pela obesidade. g) Níveis elevados de hormônios sexuais. A obesidade contribui para maior pro- dução de hormônios sexuais e isso é particularmente importante no aumento da produção do estrogênio, umhormônio feminino. Consumo de álcool O consumo de álcool aumenta o risco de câncer de mama. Quanto maior o con- sumo, maior o risco. Demonstrou-se uma tendência entre o aumento no risco de de- senvolver câncer de mama e maior consumo de álcool, sendo observados aumentos de 32% para o consumo de 35 a 44 gramas de álcool por dia, e de 46% para o consumo maior ou igual a 45 gramas de álcool por dia, em comparação aos abstêmios. No en- tanto, não foram observadas diferenças no risco baseadas nos tipos de bebida alcoólica consumida (vinho, cerveja ou destilados). Um vinho com 12,5% vol. contém 12,5mL de álcool/100mL de vinho x 0,8g/mL = 10g de álcool/100mL de vinho. Ausência de atividade física Exercícios físicos diminuem o risco de câncer de mama, independente do seu efeito na redução de peso. Cerca de 40 minutos de caminhada três vezes por semana já é suficiente para reduzir o risco. Mulheres que praticam exercícios mais intensos, como até 10 horas semanais de caminhada ou três horas semanais de corrida, chegam a ter até 40% menos risco de desenvolver câncer de mama. Um estudo recente publicado na Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention verificou que o exercício regular moderado está associado a ummenor risco de câncer de mama invasivo entre as mulheres pós- -menopáusicas. Aquelas que se envolveram em pelo menos quatro horas de caminhada por semana, durante quatro anos tiveram um risco 10% menor da doença em com- paração com aquelas que se exercitavam menos frequentemente no mesmo perío- do de tempo. A Sociedade Americana de Oncologia Clínica recomenda 45 minutos diários de exercícios, por pelo menos cinco dias por semana. Agrotóxicos e agentes poluentes Os agrotóxicos podem atuar como ini- ciadores, promotores e aceleradores de mutações que originam um tumor. Isso porque substâncias tóxicas ambientais (xenobióticos) são capazes de induzir a mutações no DNA. Estudos epidemiológi- cos têm documentado a associação entre a exposição a agrotóxicos e o desenvolvi- mento de câncer, em diferentes localizações anatômicas e faixas etárias, sobretudo em

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