Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022
ARTIGO DE REVISÃO | REVIEW ARTICLE 13 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.13-30, out-dez 2022 Lúpus Eritematoso Sistêmico: o que o clínico precisa saber Systemic Lupus Erythematosus: what a clinician should know Mirhelen Mendes de Abreu, M.D., Ph.D. Professora de Reumatologia – UFRJ Mestre e Doutora pela UNIFESP Pós-doutorado em Reumatologia pela Universidade de Harvard Pesquisadora Visitante do Departamento de Reumatologia do Brigham and Women’s Hospital. Escola de Medicina da Universidade de Harvard RESUMO Lúpus eritematoso sistêmico (lúpus) é uma doença crônica, autoimune, sistêmica, caracterizada pela sua heterogeneidade clínica, curso imprevisível e períodos de agudização. Novos critérios de classificação elaborados pela associação entre a Liga Europeia Contra o Reumatismo (EULAR) e o Colégio Americano de Reumatologia (ACR) foram publicados em 2019 e permitem a sua detecção precoce e mais precisa. Vários endótipos da doença têm sido reconhecidos ao longo dos anos. Há progressiva identificação de casos leves na sua apresentação, mas quase 50% destes progride para formas mais graves. As metas de tratamento incluem a sobrevivência do paciente a longo prazo, prevenção de agudização e da instalação de danos crônicos irreversíveis, além de otimização de qualidade de vida relacionada à saúde. O tratamento se caracteriza pela terapia imunossupressora de alta intensidade para controlar a atividade da doença, seguido por um período mais longo de terapia menos intensiva para consolidar a resposta e evitar recaídas. O manejo das morbidades associadas, especialmente infecções e aterosclerose, é de suma importância. Novos agentes imunossupressores sintéticos ou biológicos – utilizados isoladamente ou em combinação, ou sequencialmente, melhoraram as chances de se alcançar as metas terapêuticas tanto a curto prazo quanto a longo prazo, incluindo minimização de uso de glicocorticoide. Palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico; critérios de classificação; desfechos; autoanticorpos ABSTRACT Systemic lupus erythematosus (lupus) is a chronic, autoimmune, systemic disease characterized by its clinical heterogeneity, unpredictable course and periods of sharpness. New classification criteria drawn up by the association between the European League Against Rheumatism (EULAR) and the American College of Rheumatology (ACR) were published in 2019 and allow for early and more accurate detection. Several endotypes of the disease have been recognized over the years. There is progressive identification of mild cases in their presentation, but almost half of these progress estheless to more severe forms. Treatment goals include long-term patient survival, prevention of acute and irreversible chronic damage, and health-related quality of life optimization. Treatment is characterized by high-intensity immunosuppressive therapy to control disease activity, followed by a longer period of less intensive therapy to consolidate response and prevent relapses. The management of associated morbidities, especially infections and atherosclerosis, is of paramount importance. Keywords: Systemic lupus erythematosus; clinical practice; classification criteria; current treatment Correspondência Mirhelen Mendes de Abreu Cidade Universitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Laboratório MAPeAr (Métodos e Análises para Pesquisas em Agravos Reumatológicos) Rua Professor Rodolpho Paulo Rocco, 255/7º andar Rio de Janeiro - RJ CEP: 21941-617 E-mail: mirhelen@hucff.ufrj.br LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: O FASCÍNIO E O DESAFIO NA PRÁTICA CLÍNICA Lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune sistêmica, clinicamente he- terogênea, com níveis variados de gravidade e curso crônico com períodos de agudização e
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