Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022
80 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 plenamente. Existem muitas tentativas de tratamento da DCd que se filiam re- sumidamente a quatro linhas de ação. A primeira é constituída por medicamentos antimicrobianos que atuam diretamente no Cd. O segundo grupo reúne as tentativas de restaurar a microbiota alterada do cólon. A terceira linha congrega medidas que têm como objetivo favorecer a eliminação das toxinas do Cd. A última linha tenta favore- cer a resposta imune contra o Cd, seja com imunoglobulinas, anticorpos monoclonais ou com tentativas de vacinação. Em seguida serão analisadas as principais propostas dentro de cada um dos quatro grupos e os seus resultados na prática clínica até a atualidade. (29) 7.7.1. Primeiro grupo de opções para a DCd: outros antimicrobianos A fidaxomicina está entre as principais alternativas de tratamento DCd e já foi comentada, porém não está disponível no Brasil. No grupo pediátrico a experiência é muito limitada, entretanto indicam atua- ção semelhante à dos adultos. Nas formas recorrentes poderia ser usada em crianças com mais de 6 meses e menos de 6 anos, 16mg/kg por dose, 2 vezes/dia, durante 10 dias; em crianças com 6 ou mais anos, 200mg por dose, 2 vezes/dia, por 10 dias. (49) Este medicamento precisa de mais estudos no grupo pediátrico. A rifaximina pertence à classe das rifa- micinas. Inibe a síntese do RNA bacteriano ligando-se à subunidade beta da RNA po- limerase dependente do DNA bacteriano. A rifaximina atua numa gama variada de microrganismos, incluindo alguns cocos Gram-positivos aeróbios e anaeróbios, Cd, enterobactérias e protozoários, como a Giar- dia sp. e Cryptosporidium sp. Apesar disto, a maioria dos autores considera que ela causa poucas alterações na microbiota intestinal, e este fato não facilitaria a recorrência da DCd quando for usada. Este antibiótico tem sido referido na literatura no tratamento da diarreia dos viajantes quando causada pela Escherichia coli não invasiva, como coadjuvante no tratamento na prevenção da encefalopatia hepática, na síndrome do có- lon irritável e nas infecções pelo Cd. Usado somente por via oral, o medicamento quase não é absorvido (0,4%), atingindo elevadas concentrações na luz intestinal e nas fezes, entretanto os níveis sistêmicos são muito baixos; não há interferência da alimenta- ção na sua atuação. Sua tolerância é boa, eventualmente produzindo flatulência, dor abdominal, náusea, vômitos, constipação, tonteiras e raramente outros. (52) Na gravidez é classificado como fármaco da classe C do FDA. Há poucas informações para o seu uso na lactação e em crianças com menos de 12 anos. Mais de 97% do medicamento são eliminados nas fezes de forma imutável. Um dos principais problemas referidos com o uso deste antibiótico é a facilidade com que são selecionados mutantes resistentes, principalmente após o quinto dia de uso. Na maioria das vezes a resistência aparece
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