Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

15 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.7-20, jul-set 2022 Nova abordagem da fibrose pulmonar idiopática Cláudia Henrique da Costa et al. TRATAMENTO Na virada do século XX para XXI, havia ainda a proposta de tratamento da FPI como o resultado de um processo inflamatório e fibrose. Este binônio não é caracteriza- do na doença FPI. Vários medicamentos foram usados de forma isolada e, às vezes, em associação, tendo sido inclusive acon- selhada a terapia com corticosteroides e imunomoduladores, como o uso da combi- nação tripla de prednisona, azatioprina e o fármaco antioxidante N-acetilcisteína. Os trabalhos posteriores demonstravam que havia maior mortalidade, hospitalizações e eventos adversos em relação ao placebo. Desde então, há forte recomendação contra o seu uso em pacientes com FPI. (1,11,16,17) A FPI também é caracterizada por um “estado pró-trombótico”. Sendo assim, me- dicamentos anticoagulantes, principal- mente antagonistas da vitamina K, foram sugeridos em um estudo inicial como um tratamento potencial para FPI. Porém, como a terapia tripla, há aumento da mortalidade com o uso, em relação ao placebo. Resulta- dos negativos também foram encontrados com a sildenafila, bosentana, ambrisentana, etanercepte e interferon gama 1 beta. (1,11,16,17) Podemos classificar o tratamento em quatro níveis: farmacológico e específico (antifibróticos), não farmacológico, cirúr- gico e paliativo (Figura 8). O tratamento específico é realizado pelos medicamentos antifibróticos, que nesse momento são os mesmos no Brasil e no mundo: nintedanibe e pirfenidona. O nintedanibe é um inibidor de tirosi- no-quinases intracelulares: 1) receptores α e β do fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGFR); 2) receptores 1, 2 e 3 do fator de crescimento fibroblástico (FGFR); 3) receptores 1, 2 e 3 do fator de crescimento do endotélio vascular (VEGFR). Como im- portante mecanismo de ação, há a redução da proliferação, migração e diferenciação de fibroblastos emmiofibroblastos, levando a uma menor deposição de matriz extrace- lular. Os estudos de fase III demonstraram que o nintedanibe consegue retardar o declínio da função pulmonar em 52% em pacientes com FPI e aumentar o tempo para que as primeiras exacerbações agudas Figura 7 Evolução da fibrose pulmonar Fonte: arquivo dos autores Legenda: Corte coronal de tomografia computadorizada de tórax de alta resolução. Observe a evolução do padrão de pneumonia intersticial usual nos cinco anos, caracterizado pelo aumento do número de cistos (faveolamento) em 2019. A fibrose pulmonar de característica familiar deve ser suspeitada se: dois ou mais parentes tiveram a doença, idade abaixo dos 50 anos do início dos sintomas, prematuridade de cabelos brancos (20-30 anos), macrocitose com ou sem anemia, síndrome mielodisplásica ou aplasia de medula óssea. (15)

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