Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

79 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. recorrência, nos locais onde é disponível, sugere-se ainda associar à vancomicina o bezlotoxumab (anticorpos monoclonais contra a toxina B do Cd, não comercializado no Brasil), conduta que melhora o resultado de evitar novas recorrências principalmente no grupo de enfermos com risco aumentado de recorrências e quando não existir a fida- xomicina como alternativa. Outras opções referidas na literatura, emsuamaioria acres- centaram pouco ao tratamento tradicional e serão revistas em tópico adiante. 7.6.2. Segunda e demais recorrências Mesmo nas formas leves ou moderadas indica-se o glicopeptídeo no esquema tradi- cional; após completar o tratamento padrão de 10 a 14 dias com a vancomicina, vários guidelines sugeremusar a vancomicina com retirada progressiva e pulsada. O esquema mais proposto é fazer a vancomicina, 125mg, VO, 4 vezes/dia, por 14 dias; em seguida 1 semana de vancomicina 125mg, VO, 2 vezes/dia, depois a vancomicina 125mg, 1 vez/dia por 7 dias, seguida de vancomicina 2 a 3 vezes/semana por 2 a 8 semanas (ver Quadro 7, adiante). Os resultados com os esquemas pulsados e com retirada pro- gressiva da vancomicina mostram-se me- lhores neste contexto e são recomendados em vários guidelines . A tolerância destes tratamentos é boa, pois a vancomicina por via oral habitualmente não determina efeitos adversos tóxicos sistêmicos. Quan- do disponível, a fidaxomicina também é proposta não só no esquema tradicional, como também de forma mais prolongada, sendo 5 dias de fidaxomicina, 200mg, VO, por 5 dias, seguido de 200mg, VO, em dias alternados até completar 10 doses; alguns trabalhos referem resultados melhores com este esquema, quando comparado ao tradicional nos casos recorrentes. Outra proposta que tem produzido resultados em alguns pacientes é a associação com o bezlotoxumab, na dose de 10mg/kg, dose única, EV, seja com a vancomicina ou com a fidaxomicina; infelizmente este medica- mento ainda não é disponível no Brasil e o seu custo é muito elevado, US $ 4650,00 por uma ampola de 1g. Alguns guidelines indicam realizar o tratamento habitual com a vancomicina e em seguida utilizam a rifaximina 400mg, VO, 3 vezes/dia durante 20 dias, ou a ni- tazoxanida (para adultos) 500mg, VO, de 12/12 horas, durante 10 dias, conduta que beneficia alguns pacientes. Na terceira ou demais recorrências mui- tas propostas têm sido feitas. Se o paciente já utilizou o esquema pulsado ou o comretirada progressiva da vancomicina, o transplante de microbiota fecal e o uso da fidaxomicina e do bezlotoxumab parecem as alternativas com melhor base científica na atualidade. 7.7. Outras opções de tratamento da DCd Alguns médicos experientes costumam dizer que quando temos muitas propostas para tratar uma determinada patologia é um sinal de que nenhuma delas satisfaz

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