Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

41 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.36-48, jul-set 2022 Bradiarritmias: do diagnóstico ao tratamento Luiz Eduardo Montenegro Camanho et al. Quanto à classificação geral, os BAVs dividem-se em 1 o , 2 o e 3 o grau, conforme o Quadro 2. Quanto à etiologia, os BAVs podem ser de caráter congênito (geralmente associado à autoimunidade materna – lúpus neonatal) ou adquirido. O BAV total congênito (16) resulta da má-formação embriogênica do NAV, e sua incidência varia de 1 em cada 15.000 a 1 em cada 22.000 nascidos vivos. Aproxi- madamente 50% dos casos têm associação com outras doenças cardíacas congênitas. A autoimunidade materna está fortemente relacionada ao BAV total congênito. Os anticorpos maternos (Anti-Ro e Anti-La) atravessam a barreira placentária e atingem especificamente o sistema de condução fetal levando ao BAV total, que é uma importante causa de hidropsia fetal. (17) Dentre as causas adquiridas destacam- -se o uso de drogas cronotrópicas negativas, infarto agudo do miocárdio (IAM) e coro- nariopatia crônica, doença degenerativa, doenças infecciosas, doenças infiltrativas e causas iatrogênicas. Vários fármacos podem piorar a condu- ção AV e causar ou agravar qualquer tipo de BAV, como betabloqueadores, digoxina, bloqueadores dos canais de cálcio e antiar- rítmicos. Entretanto, estes efeitos acometem mais comumente indivíduos com doença preexistente do sistema de condução, sendo rara a ocorrência de BAV em pacientes com sistema de condução intacto. A incidência dos BAVs em pacientes com síndrome coronariana aguda (IAM) varia de 12% a 25%. O BAV 1 o grau está normalmente associado ao infarto de pa- rede inferior, e é causado pelo tônus va- gal aumentado. O BAV 2 o grau Mobitz I geralmente é transitório e assintomático e raramente evoluiu para formas avança- das de BAV. O BAV total ocorre em 8% a 13% de todos os casos e, apesar de poder haver resolução espontânea após o evento agudo, há risco aumentado de taquicardia e fibrilação ventricular, edema pulmonar e maior mortalidade intra-hospitalar. A doença degenerativa do sistema de condução cardíaco é a causa adquirida mais comum de BAV, sendo responsável por 50% dos casos. A calcificação da válvula aórtica e, menos comumente, da válvula mitral pode estar associada à ocorrência de BAVs. Dentre as causas infecciosas desta- cam-se a cardiopatia chagásica (18) e a febre reumática, sendo estas responsáveis por 3% do total de casos de BAV. A amiloidose, o mixedema e a sarcoidose são exemplos de cardiomiopatias infiltrativas associadas ao BAV. Quadro 2 Classificação geral dos bloqueios atrioventriculares Bloqueio atrioventricular de 1 o grau Bloqueio atrioventricular de 2 o grau - Mobitz I - Mobitz II - Avançado Bloqueio atrioventricular de 3 o grau ou total

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