Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

37 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.36-48, jul-set 2022 Bradiarritmias: do diagnóstico ao tratamento Luiz Eduardo Montenegro Camanho et al. No momento do diagnóstico da DNS, aproximadamente 20% dos pacientes apre- sentam algum grau de doença da condução atrioventricular (AV), tais como intervalo PR prolongado, bloqueios de ramo ou blo- queios atrioventriculares). (4) Na faixa etária pediátrica, a principal manifestação eletrocardiográfica são os ritmos de escape (5, 6) (Figura 1) e, na faixa etária adulta, é a síndrome taquibradiarrit- mia, em que o paciente alterna períodos de ritmo taquicárdico (geralmente, fibrilação atrial) com períodos de bradiarritmia (7) (Figura 2). A DNS foi originalmente descrita por Lown em 1967 como a ocorrência de bra- dicardia após cardioversão elétrica de fi- brilação atrial (Figura 3) (8) . Os sintomas comumente associados são adinamia, cansaço aos esforços, tonteira, pré-síncope ou síncope. Outros sintomas descritos são irritabilidade, letargia, distúr- bios do sono, perda de memória e do apetite. No entanto, não raramente os pacientes são assintomáticos ou apresentam sintomas leves e inespecíficos, o que torna difícil a correlação clínico-eletrocardiográfica. A grande maioria dos pacientes tem idade superior a 50 anos (9) . O mecanismo da síncope na DNS co- mumente está relacionado à síndrome ta- quibradi, em que se observa uma pausa sinusal marcante após o término de uma taquicardia. Pelo fato da fibrilação atrial ser a taquiarritmia mais frequentemente fibras nodais, que estão em contato direto com o miocárdio atrial adjacente. (1) Esta estrutura recebe importante in- fluência autonômica simpática (fibras ter- minais pós-ganglionares) e parassimpática. A disfunção do nodo sinusal (DNS) pode ser classificada como intrínseca (degenera- ção das células marcapasso) ou extrínseca (causada por fatores externos, como drogas cronotrópicas negativas ou influência au- tonômica parassimpática aumentada). As condições clínicas associadas são doença arterial coronariana aguda ou crônica, cardiomiopatias em geral, hipertensão ar- terial sistêmica, doenças infiltrativas (como amiloidose, sarcoidose e hipotireoidismo), pós-transplante cardíaco, congênito, dis- trofias musculares, miocardite, cardiopa- tias congênitas (comunicação interatrial) e pós-operatório de cirurgia de Senning ou Mustard (d-TGA). (2,3) O diagnóstico desta condição é basica- mente eletrocardiográfico e se caracteriza pelo achado de uma das alterações listadas no Quadro 1. Quadro 1 Achados eletrocardiográficos da disfunção sinusal Bradicardia sinusal Pausa sinusal Bloqueio sinoatrial Pausa pós-extrassistólica exacerbada Ritmos de escape Síndrome taquibradiarritmia

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2