Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

31 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.21-35, jul-set 2022 Miocardite aguda: 16 pontos que todo médico deve conhecer Evandro Tinoco Mesquita et al. medicamentos dessa classe, são capazes de desencadear miocardite aguda, podendo ocorrer até mesmo na primeira dose do medicamento. Os pacientes apresentam, comumente, dispneia, dor torácica, arrit- mias, cursando com aumento de troponinas, alterações eletrocardiográficas e de BNP. Existe um sistema que define um es- tadiamento, variando o grau das formas: G1, forma leve, com apenas aumento de troponina e/ou BNP na ausência de sinto- mas e eletrocardiograma normal; G2, com sintomas leves e com os biomarcadores car- díacos elevados, e surgindo novas anorma- lidades no eletrocardiograma, porém sem retardo na condução intracardíaca; G3 tem sintomas moderados, com biomarcadores anormais e distúrbios de condução, e o G4 apresenta de moderada a grave disfunção do ventrículo esquerdo, necessitando o uso de medicamento endovenoso, sendo defi- nido como uma condição de risco de vida. O manuseio desses pacientes deve ser feito com o apoio de um cardiologista com experiência em cardio-oncologia, deven- do ser retirados os inibidores de imuno- checkpoint . Nos pacientes com as formas leves (G1), a droga pode ser reintroduzida após a normalização dos biomarcadores. Para os indivíduos a partir do estágio G2, deve ser feito o início de altas doses de pred- nisolona, 1 a 2mg/kg/dia, administrado via oral ou intravenosa, durante a internação dos pacientes. Já nos pacientes que não respondem a corticosteroides, o emprego de micofenolato, infliximabe ou globulina antitimócito deve ser adicionado. Em casos refratários, dois novos medicamentos, o abatacept ou o alemtuzumabe (bloqueador do CD52), podem ser administrados, dado o elevado risco de vida. O ecocardiograma pode ser normal e o modelo de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada é observado em 50% dos casos. Por outro lado, a resso- nância cardíaca pode, também, ser normal em um número expressivo de pacientes. A biópsia miocárdica deve ser considerada nos casos em que o paciente não responde à estratégia inicial com corticosteroides. FATO NÚMERO 13 – MIOPERICARDITE: O DESAFIO DE AFASTAR INFARTO NA SALA DE EMERGÊNCIA Pacientes commiocardite podem cursar com aumento da troponina e/ou anormali- dades da função sistólica global ou segmen- tar, apresentando dor torácica que simula infarto agudo do miocárdio. Isso, então, traz aos emergencistas, principalmente na pre- sença de um eletrocardiograma compatível ao infarto agudo do miocárdio com supra do segmento ST, a necessidade de afastar a presença de infarto agudo do miocárdio e de encaminhar o paciente para a terapia de reperfusão. Alguns achados no eletrocardiograma apontam na direção de uma miocardi- te, como por exemplo a presença de uma

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