Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

29 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.21-35, jul-set 2022 Miocardite aguda: 16 pontos que todo médico deve conhecer Evandro Tinoco Mesquita et al. realce global precoce e presença de áreas de necrose e/ou fibrose na sequência de realce tardio, devem ser empregados e quando presentes apresenta a sensibili- dade de 96,2% para o diagnóstico de MA. Classicamente, a fibrose associada a mio- cardites envolve as porções subepicárdicas, miocárdicas e mesocárdicas, diferente do acometimento da doença isquêmica miocár- dica, que envolve a região subendocárdica ou acometimento transmural. FATO NÚMERO 9 – DIRETRIZES BRASILEIRAS DE MIOCARDITE As miocardites representam condições heterogêneas, estabelecendo caminhos para a prática clínica com amplo espectro clí- nico com quadro assintomático, passando pelas arritmias ao choque cardiogênico e que possuem um fenômeno comum, a in- flamação miocárdica. É hoje uma área de rápida e crescente evolução. Diretrizes de sociedades médicas possuem importantes finalidades, atualizando os profissionais, estabelecendo recomendações embasadas em evidências científicas, apontando para áreas de incertezas, que necessitam de um maior discernimento de novas pes- quisas e colaboram para melhor aplicabi- lidade na prática clínica. A nova diretriz de miocardites da SBC traz esses pontos e orienta o emergencista, o intensivista e o cardiologista no sentido de abordar os casos suspeitos de MA, desde pacientes pediátricos até portadores de neoplasias, em uso de imunoterapia. FATO NÚMERO 10 – MIOCARDITES, TRATAMENTOS PERSONALIZADOS Na maioria dos casos de MA, a terapia instituída é baseada nos sintomas de dor torácica, palpitação (arritmias), de dispneia e insuficiência cardíaca. Não há hoje com- provada terapia modificadora de doença para a maioria dos pacientes, não sendo recomendado o uso de corticosteroides ou colchicina, pela ausência de evidên- cia nesse cenário. Porém, para casos de miocardite fulminante buscamos atuar sobre o quadro hemodinâmico e sermos guiados também para o padrão histológico – tipo infiltrado inflamatório e a presença viral. Os indivíduos que se apresentam com estabilidade hemodinâmica, na fase inicial da MA, são encaminhados para suporte circulatório com aminas vasoa- tiva/ inotrópicos positivas parenterais e encaminhados para centros que possuam suporte mecânico circulatório e biópsia endomiocárdica. Nesses casos a biópsia é feita para avaliar a presença de vírus cardiotrópicos e de inflamação/ endomio- cárdica. Recentemente, a American Heart Association recomendou a utilização de uma dosagem alta de esteroide, antes mes- mo da realização de BEM, uma abordagem pragmática, frente ao potencial da piora de multiplicação viral quando utilizamos esteroide na presença de vírus mapeado. O suporte mecânico hemodinâmico com o uso da ECMO tem permitido descom- primir o coração e dar suporte ao período

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